Antes de nos adentrarmos no cerne da questão consideremos algumas informações introdutórias sobre a carta aos Romanos
I - Os temas teológicos apresentados na carta:
1. Unidade em Cristo e salvação para todos
O uso do termo "todos" tem uma conotação muito forte nesta carta.
2. Pecado
"[...] além de pecadoras, as pessoas são escravas do pecado (v. 12-16). A única esperança para elas é unir-se a Cristo que pode '[livrá-las] da lei do pecado e da morte' (Rm 8.2) por meio de sua 'graça' (Rm 6.14)". (Knight, p. 11)
3. Lei
"A teologia de Paulo exalta a lei (Rm 3.31), que 'é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom', bem como 'espiritual' (Rm 7.12,14). Consequentemente, a lei tem um lugar na vida do crente, embora seja inadequada como meio de salvação". (idem)
"Embora a lei não seja o meio para ser salvo (v. 20), aqueles que são salvos e vivem a vida transformada (Rm 12.2) terão andado 'como Cristo [...] em novidade de vida' ao obedecerem aos princípios da lei de Deus (Rm 6.1-8)". (idem)
Paulo exalta o aspecto básico da lei no que diz respeito ao amor pelo próximo, porque o que dizia respeito a amar a Deus, sua audiência não tinha nenhum problema. Contudo é na cobiça ele percebe a profundidade da lei como algo superior a observância daquilo que é exterior.
"Em suma, Romanos apresenta a lei como um guia para a vida, uma revelação do pecado e o padrão do juízo de Deus, mas não um meio para a salvação". (idem, p. 12)
4. Graça
"Para Paulo, por trás de todo o processo de salvação está sempre a iniciativa de Deus. Nenhum outa palavra expressa sua teologia de forma tão clara sobre este ponto como 'graça' (Charis)". (idem, p. 13)
5. Justificação pela fé
O que muitas pessoas fazem confusão acerca da certeza de sua salvação, se fundamenta a que fase dessa salvação ele se refere, já que ela tem conotação no nosso passado, presente e futuro. Mais Paulo deixa claro a importância da segurança de nossa salvação presente, ao distinguir o nossa justificação de declaração e não essência. Dito de outra forma: Fomos declarado justo, e não considerados inerentemente justos.
"o relacionamento é a chave para compreender a justificação. 'O homem justificado tem em Cristo o início de um novo relacionamento com Deus', sendo considerado e tratado por Ele como Justo". (idem, p. 13)
6. Vida transformada
É resultado da Graça transformadora que contrapõem a graça barata conforme apresentou Dietrich Bonhoeffer. Levando o cristão a andar em novidade de vida (Rm 6.4) e a evitar uma vida de pecado (v. 1-14).
"Os leitores que veem a justificação como o clímax de Romanos perdem de vista a intenção de Paulo. A justificação não se sustenta sozinha. Pelo contrário, ela está totalmente vinculada a uma vida transformada ou santificada. Se tiver a primeira terá a última. No fim dos tempos, as pessoas serão julgadas e eternamente 'justificadas' com base em como a graça transformadora de Deus impactou sua vida diária (Rm 2.5,6,13). Devemos notar que, embora Romanos dedique três capítulos (3-5) à justificação, há seis capítulos e meio à vida transformada e santificada (6-8, 12-15a). Para Paulo, justificação e santificação formam uma unidade. São igualmente importantes, com a primeira levando a segunda, e a segunda sendo fundamentada na primeira. Um cristão de acordo com Romanos, é pessoa que é não apenas justificada, mas que vive uma vida transformada. Se separarmos qualquer uma desas partes, destruiremos a visão de salvação" segundo a Bíblia. (idem, p. 14)
7. Esperança e certeza da salvação
"Usada 13 vezes, aparece em Romanos mais do que em qualquer outro livro do NT. Os cristãos adoram o Deus da esperança (Rm 15.13), são ricos de esperança (v.13), regozijam-se na esperança (Rm 5.2;12.12) e são salvos pela esperança (Rm 8.24)" (idem, p. 14)
"Talvez tenhamos que olhar os ensinos de Romanos sobre esperança e certeza da salvação como o ápice da discussão dessa carta". (idem, p. 15)
II - Os frutos da justificação (Rm 5.1-5)
1. Paz
"Trata-se da meta de todas as religiões".
"A paz Cristã reside em fatos objetivos, em vez de sentimentos subjetivos. A morte e a ressurreição de Cristo colocam a paz em solo firme". (idem, p. 46)
2. Acesso a Deus
"O senso de alienação de Deus atormenta o coração humano, mas os crentes em Cristo têm acesso direto ao Pai por intermédio do Filho". (idem, p. 46)
Mais nem sempre foi assim, olha o sistema do tabernáculo no deserto. E o "Yom Kippur" (Dia da expiação).
Contudo agora podemos confiar na descrição de Paulo não apenas em Romanos como em Hebreus 4.14-16
3. Temos no que nos gloriar
Rm. 5.2 "Atente para o pronome 'nós'. Não se trata de uma exultação universal, mas somente para aqueles que 'pela fé', entram 'nesta graça na qual agora estamos firmes" (idem, p. 47)
Sempre que vemos o uso do termo gloriar é em sua conotação negativa. O que mudou? a razão da glória, que não são os méritos de quem se gloria, mais o de outra pessoa a saber, Jesus Cristo.
4. A esperanaça
"Para muitos de nós, a esperança é algo que desejamos ou que achamos que pode acontecer. Mas não é assim que Paulo emprega a palavra. Para ele, esperança é certeza. Esperança significa não ter a mínima dúvida". (idem, p. 47)
Rm 5. 3-5 "Os cristãos descobrem em meio à adversidade que, em vez de as tribulações serem a causa de desistência, podem ser a maneira de exercer sua fé para entrarem em uma relacionamento mais profundo com Jesus". (idem, p. 48)
5. A consciência de ser verdadeiramente amado (Rm 5.6-11)
"Paulo proporciona mais evidência de que a esperança cristã não falha. Um Deus que amou as pessoas a ponto de morrer por elas, enquanto eram inimigas Dele, jamais as abandonará". (idem, p. 49)
Um inimigo como disse Leon Morris: "não é simplesmente alguém que, por pouco, deixou de ser um amigo bom e fiel. Ele pertence ao exército adversário". (idem, p. 50)
"A ressurreição é um aparte essencial do evangelho de Paulo (1Co 15.3,4) porque a obra salvífica de Cristo não foi concluída na cruz. Após Sua morte, vem a ressurreição e o ministério sumo sacerdotal em prol de Seus filhos no santuário celestial (Rm 8.34; Hb 7.25; 1Jo2.1,2). Em seguida, ocorrerá Seu segundo advento, e então Ele salvará Seu povo volta eternamente da presença do pecado". (idem, p. 50)
III - Qual será sua escolha: A maldição de Adão, ou a Bênção de Cristo
Ninguém precisou ensinar um bebê a pecar, já parou para pensar sobre isso?
"Em Romanos 5.12, Paulo explica a universalidade óbvia do pecado com a simples frase 'por um só homem entrou o pecado no mundo' - Adão". (idem, p. 51)
"Adão é um tipo de figura de Cristo, no sentido de que ambos afetaram toda a humanidade. E apresentam dois modos de vida.
Entretanto, por maior que seja os efeitos do pecado o dom da graça é maior.
"O pecado não é a última palavra [...] porque o dom da Graça muda toda a situação do pecador". (idem, p. 52)
"A boa notícia é que Cristo morreu por cada ser humano que já viveu. a má notícia é que nem todos recebem ou aceitam (v. 17) o dom da graça divina. Seu sacrifício fez provisão para a justificação de toda a humanidade, mas alguns escolhem seguir o modo de Adão, em vez de seguir o modo de Cristo". (idem, p. 53)
IV - Conclusão
"Antes de o Senhor pronunciar a presença da luz, Ele assumiu a possibilidade da Cruz. A graça se antecipou ao pecado. É praticamente o caso isolado da descoberta do remédio antes da doença e com extrema precisão de cura, a não ser para os que recusam a utilização do remédio". (Muniz, p. 27)
Ao olhar para a Cruz lembre-se que ela nada mais é do o cumprimento de uma decisão surgida e tomada na Eternidade.
E embora ninguém tenha escapado da Graça, muitos podem e a tem rejeitado.
Apelo
O homem não é salvo no momento em que se entrega. Nesse momento ele somente aceita a salvação que já existe. Com isso "Todo esforço que se faça para obter a salvação é uma forma de pecado, porque rejeita o que Jesus fez por nós.
Diante de tudo isso o que poderia ser mais importante do que entregar e mantermos nossa vida nas mãos de nosso Salvador?
Reynan Matos
Teólogo
Fonte:
Salvação para todos: a mensagem da graça em Romanos
Nas asas da Graça