Aigreja em Corinto não era apenas uma
igreja dividida, mas também desonrada.
Havia pecado no meio de sua congregação,
e, infelizmente, todos sabiam disso. No entanto, a igreja demorou a tomar uma
atitude.
Nenhuma igreja é perfeita, mas a imperfeição humana jamais deve servir de pretexto para o pecado. Assim como os pais precisam disciplinar os filhos em amor, a igreja local também deve exercitar a disciplina sobre os membros da congregação. A disciplina da igreja não consiste em um grupo de "policiais piedosos" à caça de um transgressor. Antes, é constituída de um grupo de irmãos e irmãs profundamente entristecidos, desejosos de restaurar um membro caído da família.
Visto que alguns membros de Corinto não desejavam encarar e mudar a situação, Paulo pediu à igreja que considerasse três elementos importantes.
1. A IGREJA (1 Co 5:1-13)
"Qual será o efeito desse pecado sobre a igreja?" - esta é, sem dúvida, uma consideração crítica. Os cristão são "chamados para ser santos" (1 Co 1:2), e isso significa uma vida de santidade para a glória de Deus. Se um cristão ama sua igreja, não permanecerá de braços cruzados enquanto o pecado enfraquece e, possivelmente, destrói seu testemunho.
Qual deve ser nossa posição? Paulo dá três instruções específicas a serem seguidas pela igreja.
1.Lamentar o pecado (v. 1, 2). Trata-se do mesmo termo usado para prantear os mortos, que é, talvez, o tipo de tristeza mais profunda e dolorosa que uma pessoa pode sentir. Em vez de se lamentarem, os coríntios se vangloriavam. Gabavam-se do fato de terem uma mente tão aberta que até os sexualmente impuros poderiam ser considerados membros de boa reputação!
O pecado em questão era uma forma de incesto: um cristão professo (e membro da igreja) vivia uma relação conjugal com a madrasta. Uma vez que Paulo não julgou a mulher (1 Co 5:9-13), podemos supor que não era membro da igreja, provavelmente nem sequer cristã. Esse tipo de pecado era
condenado pela Lei do Antigo Testamento (Lv 18:6-8; 20:11) bem como pelas leis das nações gentias. Paulo mostrou à igreja sua situação vergonhosa dizendo: "Nem mesmo os gentios incrédulos praticam esse tipo de pecado!"
Apesar de ser verdade que a vida do cristão é uma festa (1 Co 5:8), há ocasiões em que se torna um funeral. Sempre que um irmão ou irmã em Cristo cai em pecado, é hora de a família lamentar o pecado e buscar ajuda para o cristão caído (GI 6:1, 2). No tocante às coisas do Senhor, o irmão em
Corinto estava "morto". Não tinha comunhão com o Senhor nem com aqueles da igreja que viviam em santidade.
2.Julgar o pecado (v. 3-5). Apesar de os cristãos não deverem julgar as motivações uns dos outros (Mt 7:1-5), nem seus ministérios (1 Co 4:5), certamente é esperado que sejamos honestos sobre a conduta uns dos outros. Em meu próprio ministério pastoral, nunca senti qualquer prazer em ter de iniciar um processo de disciplina dentro da igreja; no entanto, uma vez que a disciplina é ordenada pelas Escrituras, devemos obedecer a Deus e colocar nossos sentimentos de lado.
Nesta passagem, Paulo descreveu uma reunião oficial com o propósito de tratar do transgressor de acordo com as instruções divinas. O pecado público deve ser julgado e condenado publicamente. (Para as instruções de Jesus a esse respeito, convém estudar Mt 18:15-20.) O pecado não deveria
ser "varrido para debaixo do tapete", pois, afinal, era de conhecimento geral até mesmo dos incrédulos de fora da igreja.
A igreja deveria se reunir e expulsar o transgressor. É importante observar as palavras enérgicas que Paulo usa para instruí-los: "tirado do vosso meio" (1 Co 5:2), "entregue a Satanás" (1 Co 5:5), "lançai fora" (1 Co 5:7) e "expulsai" (1 Co 5:13). Paulo não sugere que esse malfeitor seja tratado com
brandura. Tomamos por certo, evidentemente, que, antes disso, os líderes da igreja haviam procurado restaurar esse homem pessoalmente.
As instruções deveriam ser levadas a cabo pela autoridade de Jesus Cristo - em seu nome -, não apenas pela autoridade da igreja local. Ser membro de uma igreja é algo muito sério e não deve ser tratado com descuido ou leviandade.
O que significa entregar um cristão "a Satanás"? Não quer dizer privá-lo da salvação, pois, para começar, não é a igreja que concede a salvação. Quando um cristão está em comunhão com o Senhor e com a igreja local, desfruta de proteção especial dos ataques de Satanás. Mas, quando se encontra fora da comunhão com Deus e com a igreja local, vê-se mais exposto ao inimigo. Deus poderia permitir que Satanás atacasse o corpo do transgressor, de modo que este se arrependesse e voltasse para o Senhor.
Expurgar o pecado (v. 6-13). Vemos aqui uma imagem da refeição pascal (h 12). Jesus é o Cordeiro de Deus que derramou seu sangue para nos livrar do pecado (Jo 1:29; 1 Pe 1:18-25). Os hebreus no Egito foram libertos da morte ao aplicar o sangue do cordeiro nas ombreiras e na verga das portas. Depois disso, os hebreus comeram a refeição pascal em família. Um dos requisitos era que não houvesse qualquer lêvedo (fermento) na casa. Nem mesmo o pão consumido na refeição deveria ser levedado.
O fermento é uma imagem do pecado. É pequeno, porém poderoso; trabalha em oculto; faz a massa "inchar" e se espalha. O membro da igreja de Corinto que vivia em pecado era como um pedaço de fermento: contaminava toda a massa do pão (a congregação). Era como um câncer para o corpo e precisava ser extirpado por meio de uma cirurgia radical.
A igreja deve se livrar de todo o "velho fermento" - as coisas que pertencem a nosso antigo estilo de vida antes de crermos em Cristo. Também devemos nos livrar da malícia e da perversidade (havia muitas mágoas entre os membros da igreja de Corinto) e, em seu lugar, colocar a sinceridade e a
verdade. Assim como um pão (1 Co 10:17), a igreja local deve ser o mais pura possível.
Todavia, a igreja não deve julgar nem condenar os que estão fora da fé. Esse julgamento será realizado por Deus no futuro. Em 1 Coríntios 5:9-13, Paulo enfatiza novamente a importância da separação do mundo. Os cristão não devem ser isolados, mas sim separados. Não podemos evitar o contato com os pecadores, mas podemos evitar ser contaminados por eles.
Se um cristão professo é culpado dos pecados citados nessa passagem, a igreja deve tratar dessa pessoa. Os membros individuais não devem se "associar" a ele (1 Co 5:9 - "se misturar, se relacionar intimamente"). Não devem comer com ele, o que pode ser uma referência à hospitalidade em
particular ou, mais provavelmente, à observância pública da Ceia do Senhor (ver 1 Co 11 :23-34).
A disciplina da igreja não é algo fácil e, muitas vezes, não é vista com bons olhos por todos, mas ainda assim é importante. Caso seja feita corretamente, Deus pode convencer o cristão caído de seu pecado e restaurar sua vida.
E se essa tem sido a sua realidade, quer seja por estar sendo repreendido pela sua comunidade cristã nesse momento ou por que sabe que precisa abandonar práticas que são anteriores a seu encontro com Cristo eu gostaria de poder lhe convidar a fechar os olhos para orarmos a Deus.
Oração
Deus eterno e Pai amado, muito obrigado porque no estudo de hoje podemos perceber que nem tudo está perdido, que apensar de nossos desacertos e más associações, mesmo após termos selado um compromisso contigo Teu Santo Espírito pode nos ajudar a lançar fora esse fermento velho de maldade e malícia, e em troca nos disponibiliza o Pão que é Jesus. Se temos sido resistente a tua repreensão, não permita que endureçamos o nosso coração as tuas advertências. É o que nos te pedimos crendo no poder que a no nome de Jesus Amém.
Reynan Matos
Teólogo
Fonte
Comentário Bíblico Expositivo Warren W. Wiersbe. p. 762,764.