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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Gênesis | Capítulo 31

Poderíamos considerar esse capítulo como o capítulo das perguntas. Já que temos dez interrogações ao longo do mesmo.

Chegou o dia de Jacó retornar para a terra da promessa, conduto o retorno não seria tão simples como se imaginava que seria.

Dada a prosperidade obtida por Jacó fora de suas terras, ele já não tinha o agrado daqueles que o receberá. E assim como naqueles dias, até os dias de hoje, temos pessoas que ficam feliz em poder ajudar alguém no primeiro momento, entretanto, a felicidade só perdurá até que o ajudado, não alcance uma situação superior ao seu ajudador. (v. 2, 5) E em alguns casos a insatisfação transpassa o interior e se materializa nas feições.

Com isso podemos considerar nessa ocasião que "as circunstâncias convergem no sentido da providência". (Shedd, v. 3)

Isso no entanto, serviu de estimulo para que Jacó se apressasse em seus intentos, já que ele usufruía do favor do Deus de seu pai. (v. 3,5,42) Nesta declaração vemos como pode ser significativa a influência dos pais sobre os filhos, abondo de transferirem benefícios espirituais.

Ao longo da vida de Jacó, encontramos um exemplo a ser seguido por todos aqueles que prestam serviço a quem quer que seja, a despeito das adversidades por parte do contratante. (v. 6,7,38-41)

E assim como se mostrou a Agar, mais uma vez ele se revela do mesmo modo agora a Jacó (v.12) como o Deus que vê.

Então nesse primeiro momento as irmãs se mostram tementes a Deus, submetendo sua vontade ao que Deus havia orientado a Jacó. (v. 16)

Porém Raquel, mais uma vez, mostra a fragilidade de sua relação com Deus, e rouba os ídolos de seu pai. (v. 19) Se pensarmos em ídolos como objetos de adoração. Toda via, alguns comentaristas acreditam que esses ídolos, eram classificados como ídolos domésticos, que tinha uma função similar de um testamento, conferindo as propriedades do pai por ocasião de sua morte, ao seu possuidor. (Shedd, v. 19)

Labão só tem ciência da partida de Jacó três dias após sua saída, isso é um fato interessante para se imaginar (v. 22), e não fosse a intervenção divina (v. 24), em sete dias ele alcançou Jacó (v. 23). Estamos falando de um percurso de 650 km. (Shedd, v. 23)

Mais uma vez Labão revela que quase nada mudou em todo tempo em que esteve com Jacó, já que ao dialogar com ele, apresenta inicialmente falsas razões por haver ido atrás de Jacó. (v. 26,27,28)

Os deuses que Raquel havia roubado, é que ele estava realmente a procura. Assim como hoje em dia, quantos pais tem se preocupado mais com o que diz respeito ao seu bem estar material, que as condições de seus filhos.  (v. 30)

Jacó então, nos da um  exemplo do perigo de se falar precipitadamente (v. 32), ao oferecer a morte, aquele com quem estivesse o ídolo.

Raquel, como eximia enganadora, se vale da menarca, para poder ocultar os ídolos (v. 34,35)

Para resolver esse mal estar, Labão propõem uma aliança com Jacó,  e este por sua vez incluiu a  Deus nessa aliança convidando-o para que ele atua-se como juiz sobre eles. (v. 49,53)

E com um beijo Labão recebe Jacó em sua casa (Gn 29.13), e com um beijo ele despede suas filhas de sua casa (v. 55). Com isso Jacó recebeu uma grande lição de fé, onde, diferentemente das condições que ele deixou seu lar paternal, "não foi a astúcia de Jacó, mas o cuidado de Deus que o salvara". (Shedd, v. 54)

Reynan Matos
Teólogo

Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia

V. 2

"Na providência de Deus, a atitude de Labão se tornou o meio de provocar o regresso de Jacó a sua terra natal". (CBASD, v.1, p. 412)

V. 14

"A desumana crueldade e a cobiça insaciável de Labão eram obviamente tão pronunciadas que mesmo as próprias filhas acabaram se levantando em protesto". (CBASD, v.1, p. 413)

V. 16

"Pela primeira vez as duas irmãs são apresentadas como estando de comum acordo". (CBASD, v.1, p. 413)

V. 19

Curiosidade: "Não se sabe ao certo se Jacó não fora convidado ou se recusara o convite de Labão, devido à dissensão entre eles. Mas isso proporcionou uma excelente oportunidade de escapar sem interferência". (CBASD, v.1, p. 413)

"Os "ídolos", terafirn (ver Jz 17:5; 18:14; etc.), eram geralmente estátuas humanas pequenas (v. 34), mas por vezes maiores, frequentemente feitas de madeira (lSm 19:13-16). Escavações no Oriente Médio revelaram grande número dessas estatuetas, feitas de madeira, argila e metais preciosos. Algumas representam divindades masculinas, mas a maioria é representação de divindades femininas e tem de 5 a 7,5 em de largura. Eram usadas como deuses domésticos ou
levadas junto ao corpo como amuletos protetores. Uma vez que a maioria delas representa deusas nuas cujas características sexuais são acentuadas, provavelmente se pensava que promovessem a fertilidade. Esta pode ser a razão pela qual Raquel tinha apego especial às mesmas". (CBASD, v.1, p. 413)

V. 23

"Saiu-lhe no encalço. Uma vez que Labão recebeu a notícia dois ou três dias depois da fuga de Jacó (v. 22) e o alcançou após uma perseguição de sete dias, parece que os dois se encontraram nove ou dez dias após a partida de Jacó das vizinhanças de Harã. As montanhas de Gileade ficam a quase 450 km de Harã, distância que se pode percorrer em camelos rápidos dentro de sete dias, o tempo necessário para Labão. Mas, seria impossível que os rebanhos fossem conduzidos ao longo dessa distância nesse tempo, uma vez que conseguiriam percorrer não mais de 15 ou 16 quilômetros por dia. Aparentemente Labão não partiu em perseguição aos fugitivos imediatamente após receber a notícia da fuga. Ele sabia que Jacó só poderia fazer lento progresso na caminhada (Gn 33:13, 14) e que, portanto, não precisava se apressar. Uma vez que Raquel havia levado os ídolos domésticos do pai, ela deve ter saído de Harã, onde era a casa dele (Gn 29:4, 5). O fato de Labão saber que os ídolos tinham sido roubados sugere que ele voltou para casa antes de sair em perseguição a Jacó. Talvez tenha terminado a tosquia das ovelhas, concluído as festividades que a acompanhavam e feito arranjos para que alguém cuidasse dos rebanhos abandonados por Jacó antes de partir de Harã. O tempo decorrido entre a recepção da notícia da fuga de Jacó e sua partida pode facilmente ter sido de 30 dias ou mais". (CBASD, v.1, p. 414)

V. 27

"Por que fugiste [ ... ] ? Ao alcançar Jacó, Labão assumiu o papel de um pai amável, mas grandemente magoado e profundamente ferido. Será que Jacó não percebeu quão facilmente Labão poderia obrigá-lo a voltar para Harã? Unicamente à intervenção do Deus de seus pais na noite anterior é que Jacó devia o fato de Labão estar conversando com ele, em vez de tratá-lo como ele supostamente merecia. Mas, por que o ardente anseio de Jacó de voltar para seu pai o deveria levar a roubar os deuses de seu sogro? Essa era a única queixa legítima de Labão - uma seta aguda que tinha o objetivo de atingir certeiramente o alvo e ferir. Salientando que os ídolos eram inúteis, talvez Jacó tivesse insistido com o sogro para que se desfizesse deles e para que aceitasse a verdadeira religião. E, nesse momento, o que parecia é que ele próprio havia adquirido tanta confiança nos deuses da família de Labão que não estava disposto a partir de Harã sem eles. Ou será que Labão temeu que Jacó estivesse assim tentando se apossar do restante de sua propriedade? (Ver com. do v. 19)". (CBASD, v.1, p. 414)

V. 32

"No que dizia respeito à acusação de roubo, Jacó voluntariamente se submeteu às disposições da lei mesopotâmica. Essa previa a pena de morte para certos tipos de roubo, incluindo o de objetos sagrados (Código de Hamurábi, seção 6)". (CBASD, v.1, p. 415)

V. 34

"Ao encobrir seu roubo através de astúcia e engano, Raquel se demonstrou uma verdadeira filha de Labão. Pouca impressão em seu caráter havia feito a religião de seu marido. Mas é verdade que ele próprio também não era nenhum modelo de virtude". (CBASD, v.1, p. 415)

V. 35

"Não achou os ídolos do lar. Três vezes repetida, esta frase enfatiza a minuciosidade da busca de Labão e o sucesso de Raquel em esconder os objetos roubados". (CBASD, v.1, p. 415)

V. 39

"Da minha mão. Jacó tinha base legal para fazer uma queixa contra Labão, pelo fato de este lhe haver cobrado a perda de animais devido a ataques de feras e de ladrões. Essa prática era contrária às antigas leis da Mesopotâmia, pois, como mostra o Código de Hamurábi (seção 267), um pastor só devia repor as perdas incorridas devido a sua própria negligência". (CBASD, v.1, p. 415)

V. 43

"Nenhuma palavra de reconhecimento ou apreciação saiu dos lábios de Labão pelos 20 anos de trabalho diligente prestados por Jacó. Em vez disso, assumiu o papel de um benfeitor nobre e generoso, que nunca pensaria em tratar seus próprios familiares com algo menos que a magnanimidade". (CBASD, v.1, p. 416)

V. 49

Curiosidade: "Esta cidade, em determinada época, foi a residência do juizJefté (Jz 11:34)". (CBASD, v.1, p. 416)

V. 50

"Se maltratares. Apesar de sua disposição egoísta, o instinto paterno de Labão o tornou zeloso quanto ao bem-estar das filhas e solícito quanto a seu futuro. Isso parece um pouco estranho à luz da conduta do próprio Labão (v. 15); ele mesmo havia sido a causa da poligamia de Jacó. Mas isso, por assim dizer, estava em família. E se Jacó tomasse outras esposas, a afeição e a herança que tocaria a suas filhas e aos filhos delas seria, assim, diminuída. Labão continuou sendo possessivo até o fim". (CBASD, v.1, p. 417)

V. 51

"Este montão. Se um dos dois no futuro pensasse em se vingar do outro, este monumento seria um lembrete do pacto de amizade de ambos. Como nessa ocasião as intenções hostis haviam sido vencidas, assim, no futuro, a recordação do evento devia impedir qualquer possível expedição punitiva. Do ponto de vista de Labão, ele estava fazendo um elevado sacrifício em permitir que Jacó escapasse ileso, pois a crescente riqueza e o poder de Jacó, juntamente com uma possível reconciliação com Esaú, tornavam qualquer perspectiva futura de vencer Jacó realmente pequena. Parece que Labão estava ansioso por impressionar Jacó com seu próprio espírito magnânimo". (CBASD, v.1, p. 417)

Ellen White 

V. 50

"Labão compreendeu o mal da poligamia. Labão compreendeu o mal da poligamia, embora fosse somente por meio de seu artifício que Jacó havia tomado duas mulheres. Ele bem sabia que fora os ciúmes de Lia e de Raquel que as havia levado a dar suas servas a Jacó, o que confundiu a relação familiar e aumentou a infelicidade de suas filhas. E então, enquanto as filhas estavam viajando para bem longe dele, e os interesses delas iriam se separar inteiramente dos seus, ele desejou resguardar lhes a felicidade o máximo possível. Assim, Labão expressou seu desejo de que Jacó não lançasse infelicidade ainda maior sobre si mesmo e sobre Lia e Raquel por tomar outras esposas (SG3, 126)". (CBASD, v. 1, p. 1206)