O rei Roberto Carlos cita lindamente em sua composição:
“Coisa Bonita, Coisa Gostosa, quem foi que disse que tem ser magra pra ser
formosa?”. Quem foi? A indústria da moda? A mídia publicitária? Os editoriais
de revistas? A amiga da academia?
As mulheres conseguiram liberdade política, social, cultural,
mas foram bombardeadas contra uma importante liberdade: a psicológica. Elas conseguiram assumir lugares
importantes na sociedade, mas se sentem aprisionadas para serem COMO são, e O
QUE SÃO.
Preconceito esse sentido, mas felizmente vencido por quem entendi de
formas, ângulos e autoestima, a fotógrafa profissional, gordinha e feminina
Cristianni Rui Cardoso, 36 anos.
Conhecida pela espontaneidade, criatividade e alegria, Cris
Cardoso não se inibe mais com sua forma física. Depois de já vivenciar
situações de preconceito, “sou descendente de italianos e toda minha família é
mais cheinha, e adora comer, desde criança sou gordinha. Já fiz diversas
dietas, e já fui humilhada por isto, imaginem na minha profissão que lida com
estética, minhas dobrinhas não são assimiladas
de imediato”, diz.
Assumir-se fora
dos padrões ditados como beleza, foi á chave do sucesso profissional da
fotografa, aliado a pesquisa, e informação, acrescentadas pelo maridão Aurélio
Cardoso, cinéfilo (estudioso de cinema). “Eu e Aurélio conversamos muito sobre
cinema, artes e fotografia, e fomos observando o surgimento das modelos plus
size americanas, (que ganham bem pra caramba, diga-se de passagem). Observando
a realidade das formas femininas, fui desenvolvendo meu trabalho para as
mulheres de verdade, que inclusive se sentem mais a vontade de serem
fotografadas por uma mulher gordinha como eu, por não ser “estereotipada” meus
trabalhos são diferenciados e aceitos”, explica. Outro mito que sombra o
universo feminino Cris faz questão de quebrar é o do interesse masculino, “As
mulheres se escravizam em busca da magreza, por acreditarem que serão mais
amadas, isso é mito, e aconselho todas as mulheres, magras, gordas, altas, baixas,
jovens, maduras a vivenciarem uma sessão fotográfica, para conhecerem sua
beleza, e essa se evidencia na fotografia. Um book seu por exemplo é importante
para a autoestima da mulher, por que aquele é um momento só dela, desde a
produção até os flashes, eu procuro o seu melhor ângulo e a luz que a valoriza
independente de ser gordinha, magrinha loira ou morena. Destacando que até Gisele
Bundchen não é uma miss em fotos de aniversário de família. Ouve-se muito sobre
dietas, academias, cirurgias, “sinto falta da valorização do outro lado da mulher,
aquele que está um “tanto” esqueci- do, o lado Feminino”, conta.
Fonte:
Revista expressa
mais - edição 23 - 2014