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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Abaixo a ditadura da beleza - Série #EuTenhoMinhaBeleza


O rei Roberto Carlos cita lindamente em sua composição: “Coisa Bonita, Coisa Gostosa, quem foi que disse que tem ser magra pra ser formosa?”. Quem foi? A indústria da moda? A mídia publicitária? Os editoriais de revistas? A amiga da academia?
As mulheres conseguiram liberdade política, social, cultural, mas foram bombardeadas contra uma importante liberdade: a psicológica. Elas conseguiram assumir lugares importantes na sociedade, mas se sentem aprisionadas para serem COMO são, e O QUE SÃO. 

Preconceito esse sentido, mas felizmente vencido por quem entendi de formas, ângulos e autoestima, a fotógrafa profissional, gordinha e feminina Cristianni Rui Cardoso,  36 anos.
Conhecida pela espontaneidade, criatividade e alegria, Cris Cardoso não se inibe mais com sua forma física. Depois de já vivenciar situações de preconceito, “sou descendente de italianos e toda minha família é mais cheinha, e adora comer, desde criança sou gordinha. Já fiz diversas dietas, e já fui humilhada por isto, imaginem na minha profissão que lida com estética, minhas dobrinhas não são assimiladas  de imediato”, diz.
Assumir-se fora dos padrões ditados como beleza, foi á chave do sucesso profissional da fotografa, aliado a pesquisa, e informação, acrescentadas pelo maridão Aurélio Cardoso, cinéfilo (estudioso de cinema). “Eu e Aurélio conversamos muito sobre cinema, artes e fotografia, e fomos observando o surgimento das modelos plus size americanas, (que ganham bem pra caramba, diga-se de passagem). Observando a realidade das formas femininas, fui desenvolvendo meu trabalho para as mulheres de verdade, que inclusive se sentem mais a vontade de serem fotografadas por uma mulher gordinha como eu, por não ser “estereotipada” meus trabalhos são diferenciados e aceitos”, explica. Outro mito que sombra o universo feminino Cris faz questão de quebrar é o do interesse masculino, “As mulheres se escravizam em busca da magreza, por acreditarem que serão mais amadas, isso é mito, e aconselho todas as mulheres, magras, gordas, altas, baixas, jovens, maduras a vivenciarem uma sessão fotográfica, para conhecerem sua beleza, e essa se evidencia na fotografia. Um book seu por exemplo é importante para a autoestima da mulher, por que aquele é um momento só dela, desde a produção até os flashes, eu procuro o seu melhor ângulo e a luz que a valoriza independente de ser gordinha, magrinha loira ou morena. Destacando que até Gisele Bundchen não é uma miss em fotos de aniversário de família. Ouve-se muito sobre dietas, academias, cirurgias, “sinto falta da valorização do outro lado da mulher, aquele que está um “tanto” esqueci- do, o lado Feminino”, conta.
Fonte:
Revista expressa mais - edição 23 - 2014