Quando um jumento se passa por homem. É essa a condição que Balaão se coloca.
Embora esse capítulo seja conhecido pelo fato da jumenta ter falado. A razão do ocorrido é oriunda da visão dos pagãos sobre o povo de Deus.
O que de fato deveria nos levar a considerar como nos temos sido vistos, por aqueles que são de fora da nossa denominação?
Conquanto o comum do séc 21 seja encontramos cristãos que se demoram em observar a prosperidade dos ímpios, aqui temos um episódio em que os ímpios se encontram angustiados pela prosperidade do justo (v. 3). E isso não é a primeira vez que acontece Isaque, passou por muitas lutas em virtude dessa cobiça pagã (Gên 26.14).
Quem era Balaão? O profeta mercenário, ele é descrito desta maneira por negociar os seus dons. A doutrina de Balão era que o povo não podia ser amaldiçoado contra a vontade divina; poderia, entretanto, ser corrompido (Nm 31.16; Tg 4.4; Ap 2.14)
Nesse capítulo aprendemos sobre a inutilidade da idolatria, já que Balaque manda chamar Balaão (v.6). Outra grande verdade é a apresentação do tríplice conflito de Balaão entre:
1. Conhecimento e vontade - Ele sabia quem era Israel e o seu Deus, mas de nada valeu esse conhecimento já que sua vontade era de ganhar dinheiro.
2. Desejo e consciência - A cobiça venceu a despeito da clara orientação do Senhor.
3. Obediência e voluntariedade - Tendo recebido uma clara proibição, se propôs a buscar uma nova posição.
V. 4
Curiosidade: Os midianitas descendiam de Abraão e de Quetura (Gn 25:2, 4) e eram pastores e comerciantes itinerantes (Gn 37:28).
V. 6
"A mágica, magia negra e possessão demoníaca são acompanhamentos naturais da idolatria". (CBASD, v.1, p. 980)
Curiosidade: "Na Antiguidade, bênçãos e maldições eram comuns, como no caso de Noé (Gn 9:25- 27), Isaque (Gn 27:27), Jacó (Gn 49), Josué (Js 6:26) e Eliseu (2Rs 2:24). De maneira semelhante, Golias iniciou seu combate com Davi invocando a maldição de seu deus sobre o rapaz (l Sm 17:43).
V. 12
Balaão conhecia seu dever
"A Palavra de Deus é clara e simples, e fica complicada apenas para aqueles teólogos que querem ensinar o povo a fugir dos seus preceitos, sendo instrumentos na mão de Satanás para levar muitos a rejeitar as maravilhosas promessas de Deus que são a herança eterna dos que crêem". (Shedd)
V. 16
"Balaque achava que a relutância de Balaão se devia ao desejo de mais reconhecimento e recompensa". (CBASD, v.1, p. 981) E exatamente assim que muitos se sentem na igreja hoje, só se dispõem a realizar algo, após as devidas bajulações.
V. 18
A avareza era o pecado acariciado de Balaão, e o seu, você tem consciência qual é?
"Eu não poderia traspassar o mandado do SENHOR, meu Deus. Literalmente, "não sou capaz de passar pela boca de Yahweh, meu Deus". Essa expressão sugere um conhecimento pessoal do Deus dos céus". (CBASD, v.1 ,p. 981-982)
Balaão sabia que Deus era capaz de controlar suas ações, muito embora não fosse controlar seus pensamentos.
V.19
"Balaão estava tentando lidar com Deus como se Ele fosse um homem fraco, susceptível a mudar de ideia". (CBASD, v.1, p. 982) Não muito diferente do modo como muitos buscam se relacionar hoje.
V. 20
"Levanta-te, vai. O Senhor permitiu que o profeta fizesse o que estava determinado a fazer. Balaão não estava buscando a vontade de Deus com sinceridade, pois já sabia qual era ela (v. 12). Estava obstinado no próprio rumo e procurava uma aparência de permissão". (CBASD, v.1, p. 982)
V. 22
"A ira de Deus. No v. 12, Deus tornara conhecida Sua vontade a Balaão; no v. 20, o Senhor permitiu que ele fosse . Essa foi uma instrução de mera permissão, baseada não na vontade divina, mas na do próprio Balaão. Se o profeta tivesse o desejo de cumprir a vontade de Deus, as palavras registradas no v. 12 teriam encerrado o assunto. Mas, quando uma pessoa é rebelde de coração, o Senhor pode permitir que ela siga seus desejos e sofra as consequências (ver Sl81:11, 12; Os 4:17).
Balaão é exemplo de um profeta que prostituiu seu chamado, ao tentar obter ganhos com o dom divino. Por isso, lê-se sobre "a doutrina de Balaão" (Ap 2:14), o "erro de Balaão" (Jd 11) e o "caminho de Balaão" (2Pe 2: 15)". (CBASD, v.1, p. 982)
Curiosidade: "O Anjo do SENHOR. Com frequência, a expressão se refere a Cristo (Êx 3:2, 14; 23:20, 23; 32:34; PP, 311, 366), ainda que nem sempre se tenha certeza de que este seja o caso (ver Hb 1:14; PP, 67). Nesta situação, trata-se de Cristo (PP, 366; ver Êx 23:20)". (CBASD, v.1, p. 982)
V. 23
"Uma jumenta tem mais visão do que um homem cego pela cobiça. A ira de Deus se inflamara porque Balaão, tendo a intenção de obedecer a Deus pela letra, iria perverter o espírito da vontade divina (Nm 31.16)". (Shedd)
V. 29
"Dificilmente um homem poderia estar mais cego ao ponto de não se surpreender por uma jumenta conseguir conversar
com ele". (CBASD, v.1, p. 983)
V. 30
"Tem sido o meu costume. O comportamento estranho da jumenta deveria ter sido suficiente para impressionar Balaão de que algo estava errado, pois ela nunca havia apresentado tal comportamento antes". (CBASD, v.1, p. 983)
V. 31
Enquanto alguns carecem de visão familiar, profissional, Balaão carecia de visão espiritual.
V. 33
"Eu, agora, te haveria matado. O profeta devia a própria vida à jumenta que ele espancara com tanta violência. O espírito que controlava Balaão ficou completamente manifesto em sua conduta". (CBASD, v.1, p. 983)
"A obediência é virtude aos olhos do Senhor. O jumento de outro profeta desobediente teve experiência semelhante (lRs 13:24)". (CBASD, v.1, p. 983)
V. 34
"Pequei. Talvez ele estivesse pensando no espancamento irracional da jumenta, bem como na determinação em ganhar os presentes de Balaque.
Se parece mal aos Teus olhos. Ele sabia que a jornada só fora permitida por causa de sua teimosia". (CBASD, v.1, p. 984)
Conclusão
Na experiência de Balaão há "uma solene advertência para o povo de Deus hoje, para que não permita que nenhuma característica que não seja cristã permaneça em seu coração. Um pecado nutrido se torna habitual; e, fortalecido pela repetição, logo exerce influência controladora, dominando todas as faculdades mais nobres. Balaão amou o prêmio da injustiça.
Não resistiu ao pecado da cobiça, o qual Deus equipara à idolatria; e não o venceu. Satanás obteve inteiro controle sobre ele através dessa falta, que deteriorou seu caráter e o tornou um oportunista. Dizia que Deus era seu dono, mas não O servia; não praticava as obras de Deus (ST, 18/11/1880)". (CBASD, v.1, p. 1231-1232)
Não tenhamos uma visão inferior ao de uma jumenta.
Reynan Matos
Teólogo