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sexta-feira, 24 de julho de 2015

SANTO OU SEPARADO?

No decorrer da idade média as pessoas buscavam a santidade no isolamento do mundo e das pessoas, vemos tal atitude nos monges que buscavam encontrar a Deus. Através da renuncia dos bens materiais e relações sexuais buscavam alcançar a santidade no isolamento dos monastérios. Será essa a santidade que Deus busca de seus servos? Ao nos afastarmos das pessoas nos achegamos mais a Deus?

A primeira vez que aparece a raiz da palavra Santo na Bíblia é em Gen. 2:3 que é usado no contexto da criação, onde Deus ordena a santificação  do sábado do sétimo dia, ali a palavra qadash toma o sentido de um dia especial “separado” para adoração, um dia distinto entre os demais dias da semana, assim a palavra santo do decorrer de toda a Bíblia ganha o conceito daquilo que é “...sagrado e separado do comum. Afastamento de tudo que é contaminado...frequentemente usado na dedicação de algo ou alguém para o uso religioso ou sagrado (cf Ex. 19:6; 30:31, 32; Lv. 21:6; He. 3:1; etc.). 
No NT vemos um grupo que se denominavam “santos” ou separados. O termo  Fariseu (Prushim) tem o significado de "separados""santos". Prushim, vem da raiz parash que basicamente quer dizer "separar", "afastar". Assim, o nome prushim ou perushim é normalmente interpretado como "aqueles que se separaram" do resto da população comum para se consagrar ao estudo da Torá e das suas tradições. Todavia, sua separação não envolvia um ascetismo, já que julgavam ser importante o ensino à população das escrituras e das tradições dos pais. Por ensinar nas sinagogas os fariseus se tornaram o grupo religioso de maior influência dentro do Judaísmo. A primeira vista esse respeitável grupo de homens “piedosos” tinham boas intenções quanto a preservar a fé no Deus verdadeiro, mas em algum momento da  historia se perderam em sua “santidade” e mergulharam em seu orgulho próprio, ambição e inveja. Eles esperavam o rei-messias, mas não o reconheceram e tampouco o aceitaram quando Ele apareceu.
Quando Jesus nasceu Simeão profetizou acerca do menino: “Eis que este menino está destinado tanto para a ruína como para o levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição” (Lc 2:34). No ministério de Jesus foi revelado as reais intenções desse grupo religioso, por diversas vezes o texto bíblico os revela como invejosos, hipócritas, ambiciosos, caluniadores, avarentos, legalistas, preconceituosos. Os fariseus achavam que se afastando das pessoas estariam mais perto de Deus, vemos a falta de Amor ao próximo expressado na oração do fariseu no templo quando ele diz: “Não sou como este publicano” e começa a citar obras realizadas que o tornava melhor, mais digno, mais santo que o publicano, com esse pensamento os fariseus se afastavam, separavam-se literalmente do demais, a sua santidade era evidenciada no distanciamento dos órfãos, das viúvas,  dos cobradores de impostos, dos cegos, aleijados,  dos comuns.  

Barclay diz: “Não nos aproximamos a Deus quando nos afastamos dos homens”. O que percebemos é que a santidade dos fariseus se demonstrava apenas no afastamento das pessoas. Que contradição! Pois vemos Jesus amando a todos e “O maravilhoso a respeito de Jesus é que sua aproximação a Deus, longe de O separar dos homens, aproximava-o mais que nunca”. A sua santidade não O afastava das pessoas, a sua perfeição, a sua pureza não O levava a se distanciar dos outros, pois sempre é certo que ninguém está mais perto dos homens que aquele que está perto de Deus.

A grande honra e a imensa responsabilidade de ser cristão radica em que estamos no mundo representando a Jesus Cristo. Falamos e agimos em seu nome.  “Sede santos como eu sou santo” (Lev. 11:45), Um Deus santo não pediria menos que a santidade para seus filhos, esse é o padrão estabelecido por Deus para todo aquele que O serve. “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, afim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pe. 2:9). Afim de ganhar as pessoas para o reino de Deus, temos que nos aproximar das pessoas, como Jesus, nos achegarmos a eles. A evidência de nossa aproximação de Deus, que é a verdadeira santidade, é  vista em nossos relacionamentos, sejam eles na família, com amigos, com os demais que não são de nossa fé.

Basicamente, santidade significa separação. Deus é santo, no fato de que ele está separado de todos os outros e de todo pensamento ou ato que possa ser chamado de pecaminoso, injusto, incorreto. De fato, um dos objetivos principais das escrituras é mostrar ao povo de Deus como levar uma vida que seja digna e que lhe agrade, afastando-se do pecado que o mundo oferece. Deus nos chama a sermos santos  e como santo vivermos separados do pecado e não dos nossos semelhantes. Que nossa santidade se mostre a todos  que necessitam de influencia e ajuda, que seja vista em nossos atos e palavras, e que nos leve a amar todos, de tal forma a nos manter próximos uns dos outros. Sem preconceitos, indiferenças, que nos mantem longe, “separados” dos nossos semelhantes.

Valleide Maximo
Graduando em Teologia

Fonte:
1DICCIONARIO BÍBLICO ADVENTISTA DEL SÉPTIMO DÍA, ASOCIACIÓN CASA EDITORA SUDAMERICANA, Florida, Buenos Aires, Argentina
3WILLIAM BARCLAY . O evangelho de João, Tradução: Carlos Biagini, pg. 424