No
decorrer da idade média as pessoas buscavam a santidade no isolamento do mundo
e das pessoas, vemos tal atitude nos monges que buscavam encontrar a Deus. Através
da renuncia dos bens materiais e relações sexuais buscavam alcançar a santidade
no isolamento dos monastérios. Será essa a santidade que Deus busca de seus
servos? Ao nos afastarmos das pessoas nos achegamos mais a Deus?
A
primeira vez que aparece a raiz da palavra Santo na Bíblia é em Gen. 2:3 que é
usado no contexto da criação, onde Deus ordena a santificação do sábado do sétimo dia, ali a palavra qadash
toma o sentido de um dia especial “separado” para adoração, um dia distinto
entre os demais dias da semana, assim a palavra santo do decorrer de toda a
Bíblia ganha o conceito daquilo que é “...sagrado e separado do comum. Afastamento
de tudo que é contaminado...frequentemente usado na dedicação de algo ou alguém
para o uso religioso ou sagrado (cf Ex. 19:6; 30:31, 32; Lv. 21:6; He.
3:1; etc.).
No
NT vemos um grupo que se denominavam “santos” ou separados. O termo
Fariseu (Prushim) tem o significado de "separados", "santos". Prushim,
vem da raiz parash que basicamente quer dizer
"separar", "afastar". Assim, o nome prushim ou perushim é normalmente interpretado como
"aqueles que se separaram" do resto da população comum para se
consagrar ao estudo da Torá e das suas tradições. Todavia, sua separação
não envolvia um ascetismo, já que julgavam ser importante o ensino à população
das escrituras e das tradições dos pais. Por ensinar nas sinagogas os fariseus
se tornaram o grupo religioso de maior influência dentro do Judaísmo. A
primeira vista esse respeitável grupo de homens “piedosos” tinham boas
intenções quanto a preservar a fé no Deus verdadeiro, mas em algum momento da historia se perderam em sua “santidade” e
mergulharam em seu orgulho próprio, ambição e inveja. Eles esperavam o
rei-messias, mas não o reconheceram e tampouco o aceitaram quando Ele apareceu.
Quando Jesus nasceu Simeão profetizou acerca do
menino: “Eis que este menino está destinado tanto para a ruína como para o
levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição” (Lc 2:34). No
ministério de Jesus foi revelado as reais intenções desse grupo religioso, por
diversas vezes o texto bíblico os revela como invejosos, hipócritas,
ambiciosos, caluniadores, avarentos, legalistas, preconceituosos. Os fariseus
achavam que se afastando das pessoas estariam mais perto de Deus, vemos a falta
de Amor ao próximo expressado na oração do fariseu no templo quando ele diz:
“Não sou como este publicano” e começa a citar obras realizadas que o tornava
melhor, mais digno, mais santo que o publicano, com esse pensamento os fariseus
se afastavam, separavam-se literalmente
do demais, a sua santidade era evidenciada no distanciamento dos órfãos, das
viúvas, dos cobradores de impostos, dos
cegos, aleijados, dos comuns.
Barclay
diz: “Não nos aproximamos a Deus quando nos afastamos dos homens”. O que
percebemos é que a santidade dos fariseus se demonstrava apenas no afastamento
das pessoas. Que contradição! Pois vemos Jesus amando a todos e “O maravilhoso
a respeito de Jesus é que sua aproximação a Deus, longe de O separar dos
homens, aproximava-o mais que
nunca”. A sua santidade não O afastava das pessoas, a sua perfeição, a sua
pureza não O levava a se distanciar dos outros, pois sempre é certo que ninguém
está mais perto dos homens que aquele que está perto de Deus.
A
grande honra e a imensa responsabilidade de ser cristão radica em que estamos
no mundo representando a Jesus Cristo. Falamos e agimos em seu nome. “Sede santos como eu sou santo” (Lev.
11:45),
Um
Deus santo não pediria menos que a santidade para seus filhos, esse é o padrão
estabelecido por Deus para todo aquele que O serve. “Vós, porém, sois raça
eleita, sacerdócio real, nação santa,
povo de propriedade exclusiva de Deus, afim de proclamardes as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pe. 2:9). Afim de
ganhar as pessoas para o reino de Deus, temos que nos
aproximar das pessoas, como Jesus, nos achegarmos a eles. A evidência de nossa
aproximação de Deus, que é a verdadeira santidade, é vista em nossos relacionamentos, sejam eles
na família, com amigos, com os demais que não são de nossa fé.
Basicamente,
santidade significa separação. Deus é santo, no fato de que ele está separado
de todos os outros e de todo pensamento ou ato que possa ser chamado de pecaminoso,
injusto, incorreto. De fato, um dos objetivos principais das escrituras é
mostrar ao povo de Deus como levar uma vida que seja digna e que lhe agrade,
afastando-se do pecado que o mundo oferece. Deus nos chama a sermos santos e como santo vivermos separados do pecado e
não dos nossos semelhantes. Que nossa santidade se mostre a todos que necessitam de influencia e ajuda, que
seja vista em nossos atos e palavras, e que nos leve a amar todos, de tal forma
a nos manter próximos uns dos outros. Sem preconceitos, indiferenças, que nos
mantem longe, “separados” dos nossos semelhantes.
Valleide Maximo
Graduando em Teologia
Fonte:
1DICCIONARIO BÍBLICO ADVENTISTA DEL SÉPTIMO
DÍA, ASOCIACIÓN CASA EDITORA SUDAMERICANA, Florida,
Buenos Aires, Argentina
3WILLIAM
BARCLAY . O evangelho de João, Tradução: Carlos Biagini, pg. 424