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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A liderança como ferramenta de comunicação nas organizações


Liderança. Esse é um dos temas mais procurados e discutidos no mundo corporativo da atualidade e a igreja não está de fora deste grupo. Na sua essência, o termo “liderança” está relacionado à capacidade de influenciar pessoas, de conduzi-las à realização de um determinado objetivo. 


A comunicação está no núcleo da liderança e da gestão eclesiástica  uma vez que consiste em um relacionamento interpessoal no qual, através do processo comunicativo, os líderes procuram influenciar pessoas a realizarem suas atividades na igreja e a se engajarem na consecução dos objetivos e metas traçados no planejamento estratégico para os desenvolvimentos de atividades que culmina no ganho de novos candidatos ao céu ou na permanência dos já existentes. 



Neste contexto, a comunicação precisa passar a ser encarada como uma ferramenta estratégica para o exercício da liderança e, consequentemente, para as atividades da igreja, onde se fazem cada vez mais necessárias a compreensão, a participação ativa e o envolvimento dos líderes eclesiásticos (Pastores, Anciões, Diáconos, diretores de departamentos, etc.) no processo da gestão da comunicação e do conhecimento. 



Pela própria natureza da relação, os lideres tendem a classificar suas lideranças como os principais canais de comunicação da igreja. É do líder que as pessoas esperam receber as informações “oficiais” da igreja. É no líder que os colaboradores procuram esclarecimentos sobre os rumores e boatos que rondam o ambiente  eclesiástico. É por meio do líder que as pessoas acreditam, pois o líder representa a Cristo na mente dos liderados. 



É por isso que costumo dizer que a maneira de ver de um líder, a maneira como ele percebe e como transmite as decisões da igreja interfere diretamente na percepção dos liderados. O modo como uma pessoa ou a igreja local se comunica com seus interlocutores interfere diretamente no desempenho e nos resultados de suas atividades. 



A comunicação é o espelho da cultura organizacional e se reflete no processo de gestão, de modo que, se as lideranças de uma igreja não se comunicam com eficácia, a igreja certamente não se comunicará muito bem. Não é difícil perceber que hoje muitos dos problemas organizacionais decorrem justamente da ineficácia de comunicação de suas lideranças. 



O problema é que poucas organizações estão de fato preocupadas em preparar e desenvolver suas lideranças para serem capazes de transmitir o pensamento e a ação da igreja, destacando, com clareza e franqueza, as informações mais importantes e os conceitos que precisam ser absorvidos na mente dos membros. Entendendo a comunicação como competência da liderança, cabe ao líder, não apenas o papel de repassar um alto nível de informações para a sua equipe, mas fazer com que essas informações se transformem em conhecimento e isso gere comprometimento e resultados para a igreja. 



Nesta perspectiva, a comunicação precisa ser compreendida como a linha mestra que gerencia a entrada e saída das informações no sistema-igreja e nos seus subsistemas-departamentos. Assim como o sangue tem que circular regularmente pelas veias e artérias para manter o corpo humano em pleno funcionamento, a informação e a comunicação devem fazer o mesmo pela liderança Eclesiástica  através de suas lideranças, que assumem papel fundamental na gestão e partilha do conhecimento, sendo responsáveis diretos pela criação de um ambiente favorável ao comprometimento dos membros para o alcance dos objetivos organizacionais. 



Tenho escutado muitos lideres se queixarem de que seus colaboradores não estão comprometidos e engajados com a igreja. Uma das principais causas desse problema é justamente a falta de comunicação, a escassez de informações por parte das lideranças. Sim, pois não acredito que nenhum membro irá se comprometer com aquilo que não conhece, com algo que não compreende ou com alguma coisa que não tenham razão para acreditar. 



Ora, se o líder não mantém sua equipe constantemente informada, não partilha o conhecimento do que acontece na organização, não esclarece sobre os objetivos e metas a serem atingidos, se não administra o feedback do que foi realizado, se não está preocupado em alinhar os interesses da sua equipe com os interesses organizacionais, como podem gerar comprometimento nos liderados? 



Normalmente, os líderes falam “para” os membros ao invés de “ter uma conversa” com eles. Praticam uma comunicação unilateral, através de uma única via, sem o direito de resposta ao interlocutor, sem que haja espaço para o feedback, para a checagem se realmente houve entendimento. Alguns costumam falar muito e ouvir pouco. Muitos talvez não saibam que apenas 7% da comunicação estão naquilo que a pessoa diz, enquanto que 38% estão no tom de sua voz e que a parte principal da comunicação (55%) está no comportamento do indivíduo, no seu exemplo e na sua conduta enquanto líder e gestor de pessoas. 



A escassez de tempo e a tecnologia que dominam o mundo têm dificultado cada vez mais a comunicação face a face entre os líderes e seus subordinados, entre os líderes e suas equipes de trabalho. Hoje, as lideranças passam mais tempo despachando e-mails, do que conversando com as pessoas. As decisões sobre os problemas da igreja são resolvidas, muitas vezes sem tempo para a reflexão crítica sobre suas causas e consequências. Isso, quando não acontecem as “guerras partidárias  entre as próprias lideranças".




Onde está a comunicação face a face, cara a cara, Líder e Liderado? Será que ela está sendo praticada pelas lideranças? Nada pode substituir a comunicação face a face dentro de uma organização, sem ela todo relacionamento será superficial, incompleto e com baixos índices de confiabilidade. É como namorar à distância, mandando recados virtuais, sem interagir. Será que esse relacionamento vai durar muito tempo? Será que há confiança neste tipo de relação? Será que as partes acreditam uma na outra? Será que há fidelidade nessa relação? 


 A verdade é que muitas organizações ainda tratam a comunicação Eclesiástica com superficialidade, esquecendo-se do quanto ela é estratégica para a obra que temos que desempenhar, esquecendo-se de desenvolver habilidades de comunicação nas suas lideranças. Na prática, dentro do ambiente organizacional, as igrejas até percebem sua incapacidade de comunicação apontando-a, quase sempre, como um problema (“faltou comunicação”), mas poucas, poucas mesmo, conseguem enxergar que somente através dos líderes será possível fortalecer o relacionamento Lideres-liderados e criar um ambiente onde a gestão do conhecimento e o compartilhamento das informações sejam capazes de gerar a cooperação e o comprometimento dos colaboradores. 



Não que seja assim tão fácil... Mas encarar a comunicação organizacional como método para desenvolver competências comunicativas nos líderes, pode representar o começo de um longo caminho na direção dos resultados.


E aí? Vai encarar?