Liderança. Esse é um dos temas mais
procurados e discutidos no mundo corporativo da atualidade e a igreja não está
de fora deste grupo. Na sua essência, o termo “liderança” está relacionado à
capacidade de influenciar pessoas, de conduzi-las à realização de um
determinado objetivo.
A comunicação está no núcleo da
liderança e da gestão eclesiástica uma vez que consiste em um
relacionamento interpessoal no qual, através do processo comunicativo, os
líderes procuram influenciar pessoas a realizarem suas atividades na igreja e a
se engajarem na consecução dos objetivos e metas traçados no planejamento
estratégico para os desenvolvimentos de atividades que culmina no ganho de
novos candidatos ao céu ou na permanência dos já existentes.
Neste contexto, a comunicação precisa
passar a ser encarada como uma ferramenta estratégica para o exercício da
liderança e, consequentemente, para as atividades da igreja, onde se fazem cada
vez mais necessárias a compreensão, a participação ativa e o envolvimento dos
líderes eclesiásticos (Pastores, Anciões, Diáconos, diretores de
departamentos, etc.) no processo da gestão da comunicação e do
conhecimento.
Pela própria natureza da relação, os
lideres tendem a classificar suas lideranças como os principais canais de comunicação
da igreja. É do líder que as pessoas esperam receber as informações “oficiais”
da igreja. É no líder que os colaboradores procuram esclarecimentos sobre os
rumores e boatos que rondam o ambiente eclesiástico. É por meio do
líder que as pessoas acreditam, pois o líder representa a Cristo na mente dos
liderados.
É por isso que costumo dizer que a
maneira de ver de um líder, a maneira como ele percebe e como transmite as
decisões da igreja interfere diretamente na percepção dos liderados. O modo
como uma pessoa ou a igreja local se comunica com seus interlocutores interfere
diretamente no desempenho e nos resultados de suas atividades.
A comunicação é o espelho da cultura
organizacional e se reflete no processo de gestão, de modo que, se as
lideranças de uma igreja não se comunicam com eficácia, a igreja certamente não
se comunicará muito bem. Não é difícil perceber que hoje muitos dos problemas
organizacionais decorrem justamente da ineficácia de comunicação de suas
lideranças.
O problema é que poucas organizações
estão de fato preocupadas em preparar e desenvolver suas lideranças para serem
capazes de transmitir o pensamento e a ação da igreja, destacando, com clareza
e franqueza, as informações mais importantes e os conceitos que precisam ser
absorvidos na mente dos membros. Entendendo a comunicação como competência da
liderança, cabe ao líder, não apenas o papel de repassar um alto nível de
informações para a sua equipe, mas fazer com que essas informações se
transformem em conhecimento e isso gere comprometimento e resultados para a
igreja.
Nesta perspectiva, a comunicação
precisa ser compreendida como a linha mestra que gerencia a entrada e saída das
informações no sistema-igreja e nos seus subsistemas-departamentos. Assim como
o sangue tem que circular regularmente pelas veias e artérias para manter o
corpo humano em pleno funcionamento, a informação e a comunicação devem fazer o
mesmo pela liderança Eclesiástica através de suas lideranças, que
assumem papel fundamental na gestão e partilha do conhecimento, sendo
responsáveis diretos pela criação de um ambiente favorável ao comprometimento
dos membros para o alcance dos objetivos organizacionais.
Tenho escutado muitos lideres se
queixarem de que seus colaboradores não estão comprometidos e engajados com a
igreja. Uma das principais causas desse problema é justamente a falta de
comunicação, a escassez de informações por parte das lideranças. Sim, pois não
acredito que nenhum membro irá se comprometer com aquilo que não conhece, com
algo que não compreende ou com alguma coisa que não tenham razão para
acreditar.
Ora, se o líder não mantém sua equipe
constantemente informada, não partilha o conhecimento do que acontece na
organização, não esclarece sobre os objetivos e metas a serem atingidos, se não
administra o feedback do que foi realizado, se não está preocupado em alinhar
os interesses da sua equipe com os interesses organizacionais, como podem gerar
comprometimento nos liderados?
Normalmente, os líderes falam “para”
os membros ao invés de “ter uma conversa” com eles. Praticam uma comunicação
unilateral, através de uma única via, sem o direito de resposta ao
interlocutor, sem que haja espaço para o feedback, para a checagem se realmente
houve entendimento. Alguns costumam falar muito e ouvir pouco. Muitos talvez
não saibam que apenas 7% da comunicação estão naquilo que a pessoa diz,
enquanto que 38% estão no tom de sua voz e que a parte principal da comunicação
(55%) está no comportamento do indivíduo, no seu exemplo e na sua conduta
enquanto líder e gestor de pessoas.
A escassez de tempo e a tecnologia
que dominam o mundo têm dificultado cada vez mais a comunicação face a face
entre os líderes e seus subordinados, entre os líderes e suas equipes de
trabalho. Hoje, as lideranças passam mais tempo despachando e-mails, do que
conversando com as pessoas. As decisões sobre os problemas da igreja são
resolvidas, muitas vezes sem tempo para a reflexão crítica sobre suas causas
e consequências. Isso, quando não acontecem as
“guerras partidárias entre as próprias lideranças".
Onde está a comunicação face a face,
cara a cara, Líder e Liderado? Será que ela está sendo praticada
pelas lideranças? Nada pode substituir a comunicação face a face
dentro de uma organização, sem ela todo relacionamento será superficial,
incompleto e com baixos índices de confiabilidade. É como
namorar à distância, mandando recados virtuais, sem interagir. Será que esse
relacionamento vai durar muito tempo? Será que há confiança neste tipo de
relação? Será que as partes acreditam uma na outra? Será que há fidelidade
nessa relação?
A verdade é que muitas
organizações ainda tratam a comunicação Eclesiástica com
superficialidade, esquecendo-se do quanto ela é estratégica para a obra que
temos que desempenhar, esquecendo-se de desenvolver habilidades de comunicação
nas suas lideranças. Na prática, dentro do ambiente organizacional, as
igrejas até percebem sua incapacidade de comunicação apontando-a, quase sempre,
como um problema (“faltou comunicação”), mas poucas, poucas mesmo, conseguem
enxergar que somente através dos líderes será possível fortalecer o
relacionamento Lideres-liderados e criar um ambiente onde a gestão do
conhecimento e o compartilhamento das informações sejam capazes de gerar a
cooperação e o comprometimento dos colaboradores.
Não que seja assim tão fácil... Mas
encarar a comunicação organizacional como método para desenvolver
competências comunicativas nos líderes, pode representar o começo de um longo
caminho na direção dos resultados.
E aí? Vai encarar?