O crescimento
não é inconsistente com a realidade divina. Lemos de Jesus, o Filho do Deus
Divino, que Ele cresceu (Lc. 2:40, 52). O reino de Deus é comparado
com uma semente de mostarda que cresceu até se
tornar uma grande árvore (Mt 13:31-32). A igreja também deve crescer (Ef
4:16) até que envolva membros “que procedem de toda tribo, língua, povo e
nação” (Ap 5:9).
O crescimento
de igrejas envolve muito mais do que o interesse em números e inclui a
preocupação com a qualidade, além da quantidade. O Dr. Orlando Costas (1974, p.
125) sugere quatro dimensões de crescimento:
1. Crescimento
numérico (v. 41, 47) descreve o recrutamento de indivíduos à vida ativa da
igreja (At 2:41, 47; 4:4; 6:7; 9:31, 35; 16:5; etc.). Eles são incorporados à
comunhão dos crentes e compartilham da adoração corporativa e do testemunho. Há
quatro maneiras de crescimento numérico:
a. Crescimento
biológico: ocorre quando os filhos de pais cristãos experimentam uma fé pessoal
em Jesus como Salvador e se unem à igreja através do rito do batismo. Esse
crescimento é importante, uma vez que nada garante que os filhos abracem
automaticamente a fé de seus pais. Uma falha nessa área indica fraqueza nos
métodos e materiais usados na Escola Sabatina e programas para os jovens e
juvenis, além de falhas na religião familiar.
b. Crescimento
por transferência: é o recrutamento de membros que já eram cristãos
comprometidos transferidos de outra igreja. Muitos se mudam de uma área para
outra, e ocasionalmente a mudança se deve a razões sociais ou de liderança.
Obviamente, muitas igrejas se beneficiam da qualidade dos ministérios
oferecidos aos seus membros ou pela qualidade de seus líderes.
c. Crescimento
por conversões: acontece quando pessoas de fora da igreja são trazidos ao
arrependimento e à fé em Cristo e se unem à igreja local como membros responsáveis.
Uma conversão verdadeira é evidenciada por uma mudança de atitudes e
comportamentos (At 9:20-22; 1 Co 6:9-11). Isso é resultado do novo nascimento e
da atividade do Espírito Santo (Jo 1:11, 12; 3:3-8; Rm 8:9-17).
d. Crescimento
por restauração: descreve a renovação do comprometimento de cristãos inativos
ou afastados ao quadro de membros ativos e regulares aos cultos e serviços.
Programas como “Reencontro” têm sido eficazes na promoção desse
crescimento.
2. Crescimento em
maturidade (v. 42, 46) descreve o desenvolvimento pessoal e corporativo da vida
cristã (At 2:42; Cl 1:9, 10, 28; 2 Tm 3:14-16; Hb 5:11-6:8; 1 Pe 2:2) bem como
o grau de consciência que uma comunidade de fé tem de sua missão no mundo. Esse
conhecimento vem da Palavra de Deus. A ignorância da Bíblia é a causa de males
tais como a imaturidade (1Pe 2:2), a desunião (1 Co 3:1-4), a apostasia (Hb
5:11-6:8) e a heresia (2 Pe 1:20-22).
3. Crescimento
orgânico (v. 42, 44-46). “Duas coisas que você não pode fazer sozinho:
casar-se e ser um cristão.” A vida cristã só pode ser experimentada em
comunidade. O NT descreve essa dimensão corporativa do cristianismo em
passagens como 1 Coríntios 12:27, Efésios 4:25 e Hebreus 10:25.
4. Crescimento em
serviço (v. 43, 47). Descreve o grau de envolvimento dos membros na vida e
problemas da comunidade através do desenvolvimento dos ministérios da igreja
local como uma extensão e continuação do ministério de Jesus de pregar, ensinar
e curar (Mt 4:23
Após analisada
as dimensões do que caracteriza o crescimento de igreja pontuaremos fatores
deste Crescimento:
1. Fatores da
igreja local.
Geralmente
eles se relacionam com as atividades do pastor e dos membros, mas também podem
incluir itens tais como o tamanho e o uso do edifício da igreja. Pastores que pregam
como C. H. Spurgeon são provavelmente fatores de crescimento. Mas se os seus
sermões demoram uma hora ou mais, provavelmente não o são! Em Atos 6:1-6 os
apóstolos experimentaram problemas de prioridades, liderança e cuidado
pastoral. Quando esses problemas foram resolvidos, a igreja cresceu (At 6:7).
Quando Paulo repreendeu um líder imoral em Corinto, ele estava preocupado com a
santidade, a saúde e o crescimento da igreja naquela cidade imoral (1 Co 1-13).
As cartas às sete igrejas (Ap 2:1-3:22) contém várias referencias a fatores da
igreja local que afetavam a vitalidade e missão da igreja. Elas estavam
ameaçadas de extinção caso não lidassem apropriadamente com seus problemas
internos tais como heresia, letargia, falta de amor e falta de compromisso.
2. Fatores
denominacionais
A igreja local é grandemente afetada pela influência, formal ou
informal, proveniente de outras denominações. Muito poucas igrejas não têm sido
influenciadas, para o bem ou para o mal, por John Wesley, pelas igrejas
carismáticas, por Rick Warren ou pelas decisões de nossos líderes
denominacionais nos níveis das Associações, Uniões e Divisões. Exemplos
bíblicos desses fatores são encontrados nas cartas dos apóstolos. Paulo elogia
os Tessalonicenses pela sua influencia e exemplo (1 Ts 1:2-8). Atos 15:1-35 apresentam
o relato do Concílio de Jerusalém e o debate relacionado com a evangelização
dos gentios. As decisões desses líderes influenciaram positivamente o
crescimento da igreja na região (At 16:4-5).
3. Fatores
nacionais.
Esses são os fatores políticos, econômicos, ideológicos e
tecnológicos presentes no sistema social de uma nação ou região que ajuda ou
inibe o crescimento das igrejas locais. Gálatas 4:4 declara que Jesus veio no
tempo certo. Historiadores cristãos têm identificado vários elementos que
providencialmente prepararam o mundo para o aparecimento de Cristo. Um
significativo elemento do “fator nacional” foi a Pax Romana que garantia viagens seguras e fácil
comunicação. Havia também uma moeda comum, uma língua universal, o grego, que
era falado por um grande número de pessoas. Na providencia de Deus, essas
condições contribuíram para o plantio e o crescimento de igrejas.
4. Fatores da
comunidade local
A igreja local é grandemente influenciada pela área onde está
situada. Por exemplo, a mobilidade da população exerce um efeito considerável
sobre a igreja. O desenvolvimento de novos bairros e a construção de residências
pode causar um rápido movimento de grande número de pessoas. Igrejas têm
perdido membros porque a população de certa cidade era dependente de uma
indústria particular que faliu. E igrejas têm crescido ao receber vários
membros de determinada região castigada pela seca, que se mudou para a vizinhança
dessa igreja em busca de emprego. A falha em reconhecer a influencia da
comunidade local tem criado uma falsa imagem da saúde e vitalidade de muitas
igrejas. Há exemplos bíblicos da influencia da comunidade sobre a igreja. O
ministério de Paulo em Éfeso teria sido diferente se o templo de Diana não
estivesse ali (At 19:1-41). As cartas de João às sete igrejas (Ap 2:1-3:22)
fazem muitas referencias a esses fatores. Esmirna tinha a “sinagoga de Satanás”
e Pérgamo tinha o “trono de Satanás” que hostilizavam a igreja cristã.
5.Oposição
demoníaca
A oposição de Satanás à missão de Deus é o tema central da grande
controvérsia. A experiência de Paulo no antigo centro do ocultismo de Éfeso (At
19:18-20) tem se repetido em várias cidades brasileiras. Porém, embora não
devamos descrer na existência de demônios que buscam impedir o crescimento da
igreja, não devemos também demonstrar interesse neles.
Portal do Crescimento
Reynan Matos