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quinta-feira, 14 de junho de 2018

1 Coríntios | Capítulo 7

Até aqui, Paulo tratou dos pecados que, de acordo com os relatos que o apóstolo havia recebido, afetavam a congregação de Corinto. Agora, se volta para perguntas que os coríntios haviam feito diretamente na carta que lhe haviam enviado: o casamento (1 Co 7:1, 25), os alimentos oferecidos a ídolos (1 Co 8:1), os dons espirituais (1 Co 12:1), a ressurreição dos mortos (1 Co 15:1) e as ofertas missionárias aos judeus (1 Co 16:1 ).

Ao estudar 1 Coríntios 7, deve-se ter sempre em mente que Paulo está respondendo a perguntas específicas, não desenvolvendo uma "teologia do casamento" completa em um só capítulo. Também é necessário levar em consideração aquilo que
o restante da Bíblia diz sobre esse assunto importante.

Alguns críticos liberais acusam Paulo de ser avesso ao casamento e às mulheres. É claro que não passam de acusações falsas. Assim como também não é verdade que em 1 Coríntios 7:6, 10, 12 e 25 Paulo está negando a inspiração divina do que se encontra nessas passagens. Antes, está se referindo
ao que Jesus ensinou em seu ministério aqui na Terra (Mt 5:31,32; 19:1-12; Mc 10:1-12; lc 16:18). Paulo precisava responder a algumas perguntas que Jesus não havia discutido, mas no caso de questões das quais Jesus tratou, Paulo fez referência a suas palavras. Em vez de negar a inspiração divina, Paulo declara que suas palavras têm a mesma autoridade que os ensinamentos de Cristo.

Paulo explica a vontade de Deus com respeito ao casamento cristão e dirige seu conselho a três grupos diferentes de cristãos. 

Ao que parece, uma das perguntas que a igreja fez foi: " 0 celibato [permanecer solteiro] é mais espiritual do que o casamento?" Paulo responde que é bom quando um homem ou mulher tem o dom do celibato, mas que o estado celibatário não é superior ao casamento, como também não é o ideal para todos. Kenneth Wuest traduz a resposta de Paulo como: "É perfeitamente decoroso, honrado, moralmente apropriado para um homem viver em celibato rigoroso".

Em 1 Coríntios 7:6 fica claro que o celibato é permitido, mas que não é ordenado, e 1 Coríntios 7:7 diz que nem todos têm o dom de permanecer solteiros. Podemos ligar essa declaração ao ensinamento de Jesus em Mateus 19:10-12, em que o termo "eunucos" refere-se aos que se abstêm do casamento. "Não é bom que o homem esteja só" (Gn 2:18) é uma declaração verdadeira para a maioria das pessoas, mas, por diferentes motivos, alguns são chamados a viver em celibato. Tal estado não é "subespiritual" nem "superespiritual". Tudo depende da vontade de Deus.

Um dos propósitos do casamento é evitar a "impureza". 1 Coríntios 7:2 deixa claro que Deus não aprova a poligamia nem os "casamentos" homossexuais. O padrão divino desde o princípio é um homem casado com uma mulher. Entretanto, marido e mulher não devem abusar do privilégio do amor sexual que constitui parte normal do casamento. O corpo da esposa pertence ao marido, e o corpo do marido pertence à esposa, sendo que ambos devem ter consideração um para com o outro. O amor sexual é um instrumento maravilhoso de edificação, não uma arma de destruição. A recusa em entregar-se ao outro é o mesmo que roubo (ver 1 Ts 4:6) e um convite a Satanás para tentar o cônjuge a buscar satisfação em outro lugar.

Como em todas as coisas, o espiritual deve governar o físico, pois nosso corpo é templo de Deus. O marido e a esposa podem abster-se a fim de dedicar toda sua atenção à oração e jejum (1 Co 7:5); mas não devem fazer disso uma desculpa para longos períodos de separação. Paulo incentiva os cônjuges cristãos a estar "em sintonia" um com o outro tanto nas questões espirituais quanto físicas.

Em 1 Coríntios 7:8, 9, Paulo aplica o princípio declarado em 1 Coríntios 7:1 a cristãos solteiros e viúvas: se não são capazes de se controlar, devem se casar. A igreja não perguntou apenas sobre o
celibato, mas também sobre o divórcio. Uma vez que Jesus tratou dessa questão, Paulo cita seus ensinamentos: maridos e esposas não devem se divorciar (ver também 1 Co 7:39). Se ocorrer o divórcio, as duas partes não devem voltar a se casar ou devem buscar a reconciliação.

Trata-se, é claro, de um princípio para o casamento ideal. Jesus, porém, abriu uma exceção: se uma das partes for culpada de adultério, tal comportamento serve de base para um possível divórcio. É muito melhor que ocorra a confissão, o perdão e a reconciliação; mas, se tais passos estiverem fora
de questão, então a parte inocente pode obter o divórcio. No entanto, o divórcio é o último recurso; primeiro, é preciso esgotar todas as formas possíveis de restaurar o casamento.

Em minha experiência como pastor, tenho observado que, quando marido e esposa se entregam ao Senhor e procuram agradar um ao outro no casamento, seu relacionamento é tão pleno que nenhum dos cônjuges sequer pensa em buscar satisfação em algum outro lugar. Certa vez, um conselheiro
matrimonial cristão me disse: "Não existem problemas sexuais no casamento. Existem apenas problemas de personalidade, dos quais o sexo é um dos sintomas". A tendência atual assustadora de aumento no número de divórcios entre os cristãos (e mesmo entre pastores) deve entristecer profundamente o coração de Deus.

Ainda neste capítulo Paulo irá tratar da questão do julgo desigual, que diz respeito ao relacionamento amoroso de um cristão com um não cristão, o que a despeito da concepção teológica, existe uma certa lógica pela não aprovação de uma união em que existe uma questão tão divergente entre o futuro casal. E no final ele tratara como ser um solteiro para a glória de Deus. 

Em resumo, toda pessoa que está pensando em se casar deve fazer a si mesma as seguintes perguntas:

1. Qual é o dom que recebi de Deus?
2. A pessoa com a qual desejo me casar é cristã?
3. É certo me casar nas atuais circunstâncias?
4. De que maneira o casamento afetará meu serviço ao Senhor?
5. Estou preparado para assumir esse compromisso para o resto da vida?

E aqui cabe um detalhe quanto aos leitores do capítulo de hoje. As orientações de Paulo tem aplicação para quem está as vésperas de um casamento, para quem está casado nossa tarefa é fazer tudo o que pudermos para ele dar certo. Vamos orar?

Oração

Deus eterno e Pai amado, te louvamos porque acima de tudo, tu nos criaste, e não nos deixaste aleatórios a um processo evolutivo. E nesse ato de nos criar, nos proveste da necessidade de relacionamento, em primeira instancia, contigo, então com a natureza que nos cerca, mais acima de tudo, por teres feito alguém exatamente como nós. Ajuda a cada casal que se predispuseram a assumirem um compromisso contigo para que vivam não apenas a harmonia no que diz respeito aos assuntos religiosos, bem como a todos os assuntos da vida matrimonial. E quanto aqueles que não sabem ao certo se devem ou não casar, suprir-lhes todas as suas necessidades, mais que a pesar da decisão ele viva para tua glória, é o que nos te pedimos crendo no poder que a no nome de Jesus, amém!

Reynan Matos
Teólogo

Fonte:
Comentário Bíblico Expositivo Warren W. Wiersbe. p. 773-775