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quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Gênesis | Capítulo 6

Certa vez fui convidado ainda no seminário a escrever um artigo sobre a Graça, ao qual intitulei "O oceano da Graça e as águas que inundaram o mundo".

É muito contraditório ouvir alguém dizer que só após a vinda de Jesus é que vivemos na Graça. Desconsiderando completamente os três grandes primeiros episódios da Bíblia:



1. A morte do Cordeiro ao invés do casal edênico. 

2. O sinal de salvação dado a Caim, quando este deveria receber um sinal que assegurasse a sua execução.
3. E agora a declaração explicita da existência da Graça no estabelecimento da Aliança de Deus com Noé.


É verdade que a Graça não faz acepção, no entanto ela é em certo sentido limitada. Digo porque chegará o dia para nós, assim como foi para os antediluvianos, que o Espírito Santo não poderá continuar atuando (v. 3)



Já vimos em Gên 5.3 que, deixamos de ser a expressa imagem e semelhança de Deus, para sermos a imagem e semelhança de Adão. E a degradação não se restringiu por aí, aproximadamente 1.600 anos depois de Sete, o ser humano estava completamente destituído daquilo que enobrece, limitando-se a uma existência carnal (v.3)



Em algum momento, quase que inevitável, alguém realiza alguma maldade, com tudo a sentença de destruição do mundo, residia na prática continua da maldade por parte do homem. (v. 5)



Moisés, coloca em linguagem humana, porque ele não poderia fazer de outra forma, já que ele estava fazendo um registro para o conhecimento do ser humano, "Deus se arrepende". Porém não devemos ter a ingenuidade de comparar esse arrependimento com a nossa humana, em que alguém se arrepender, por ser limitado. Essa não pode ser a realidade de um Deus que é Onipotente e Onisciente. (v.7) Mas é está a linguagem que Moisés tem para usar, na teologia isso é chamado de "linguagem antropomórfica".



Nesse momento Noé, se torna o alvo daquilo que transborda em Deus, o seu desejo de Salvar, e isso Ele o faz por meio da Graça. 



Noé, acaba se tornando uma grande motivação aos cristãos do séc XXI, que vivem em uma sociedade completamente corrupta e corruptora, ainda assim, Noé vive nessa sociedade sem ser receptivo a Ela. 



E a Bíblia o destaca como alguém: Justo; Integro; que andava com Deus, e obedecia a Deus. (v.9,22)



Como está na Bíblia Shedd (adptado), "Noé ilustra quais são os elementos essenciais na vida do verdadeiro crente":



1. Sua posição, salvo sem merecer. (v. 8)

2. Sua atitude, era de alguém que sempre optava pela justiça. (v. 9)
3. Seu caráter, era de retidão genuína. (v. 9)
4. Seu testemunho, não era alienado do mundo a sua volta. (v. 9) E por isso não deixava de pregar, e baseava mesma na justiça (2 Pe. 2.5)
5. Sua comunhão, era com Deus (v. 9)
6. Sua conduta, sempre em consonância com a vontade de Deus. (v. 22)   


Como dissemos anteriormente é chocante alguém dizer que a Graça se manifesta no Novo Testamento, quando ela se faz presente ao longo de toda a Bíblia, e não apenas a Graça, como sua relação com a obediência. Já que parece haver uma certa compreensão de que aqueles que estão revestidos pela graça, estão despidos para a obediência as ordenanças divinas. Não é essa a dinâmica que encontramos em um estudo sério da relação Graça e Lei ao longo da Bíblia Sagrada. 
Reynan Matos 

Teólogo

COMENTÁRIO Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Gênesis a Deuteronômio. Francis D. Nichol; Vanderlei Dorneles da Silva. 1. ed. Tatuí, SP: CPB - Casa Publicadora Brasileira, 2012. v. 1 .

V. 1

"A maldade fizeram grandes avanços entre os descendestes de Sete".  (p. 237)

V. 2

"Deus sempre advertiu seus seguidores a não se casarem com descrentes, por causa do grande perigo a que eles se expõem e ante o qual geralmente sucumbem (Dt. 7.3,4; Js 23.12.13; Ed 9.2; Ne 13.25; 2Co 6.14,15)". (p. 238)

"Guiados pela sedução dos sentidos, não se contentaram com as belas filhas da linhagem piedosa, e frequentemente, preferiram noivas cainitas". (p. 238)

V. 3

"Cativos de suas paixões". (p. 238)

"Ao seguirem as paixões carnais, diz Deus, os homens se entregaram aos desejos da carne, a ponto de não mais responderem ao controle do Espírito Santo". (p. 238)

V. 4

"Uma vez que nessa época toda a raça humana era de grande estatura, pode ser que a palavra designe o caráter, em vez da estatura. Os antediluvianos geralmente possuíam grande força física e mental. Dotados de inteligência e habilidade, eles devotaram persistentemente suas capacidades físicas e intelectuais à gratificação do próprio orgulho e das paixões, e à opressão do próximo". (p. 239)

V.5

"Um coração contaminado mais cedo ou mais tarde infecta a vida toda". (p. 239)

"Todos os dias ou 'o dia todo' [...] Aqui se encontra o mal supremo no coração, nos 'desígnios' ou pensamentos e nas ações. Com muito poucas exceções, não havia nada senão mal; não temporariamente, mas sempre; não no caso de apenas alguns indivíduos, mas na sociedade como um todo. Isso ocorre quando os homens 'deliberadamente [se] esquecem' da palavra de Deus (2 Pe 3.5)". (p. 239)

v. 8

"Nestas palavras a misericórdia é vista em meio à ira. Por elas, Deus assegurou a preservação e a restauração da humanidade. A palavra "graça" ocorre aqui pela primeira vez na Bíblia, e, claramente, tem o mesmo significado que nas referências do NT, em que se descreve o misericordioso, imerecido favor de Deus exercido para com os indignos pecadores. A profundidade com que Deus ama os seres humanos, mesmo em seu estado caído, pode ser observada de várias formas. Ele lhes deus um evangelho de misericórdia, na promessa do descendente da mulher; um ministério de misericórdia, suscitando e mantendo uma sucessão de pessoas piedosas para lhes pregar o evangelho e os advertir contra os caminhos do pecado; Um Espírito de misericórdia para agir neles e apelar a elas; uma providência de misericórdia, concessão adicional de misericórdia, salvando no prazo de 120 anos antes da execução da sentença; e finalmente um exemplo de misericórdia, salvando os justos quando todos os outros foram destruídos. Essa manifestação de graça e misericórdia é fonte de certeza e esperança para os que vivem no fim do tempo, uma época que o próprio Cristo comparou aos dias de Noé (ver Mt 24.37-39). Seus leais seguidores podem estar certos de que Deus os aceita como aceitou a Noé, e de que, da mesma forma, também os preservará em meio à maldade destes dias e garantirá sua segurança no juízo vindouro". (p. 240)

v.9

"Não foi algum tipo de capricho divino que o tornou objeto da graça, mas uma vida que estava em harmonia com a vontade do Senhor". (p. 240)

v.11

"Eles praticavam o mal publicamente, flagrante, como o implica a expressão 'à vista de Deus". (p. 240)

v.12

"Essa investigação revelou que já não havia distinção entre os cainitas, que desafiavam a Deus, e os setitas, que antes temiam a Deus". (p. 240) 

v.13

"em vez de estar cheia de pessoas que procuravam viver de acordo com a vontade de Deus, a terra estava 'cheia de violência dos homens'". (p. 241)

v.17

"[dilúvio do heb.] Mavul pode ser derivado de uma raiz assíria que significa 'destruir'". (p. 242)

v.18

"Essas promessas incluíam até os filhos de Noé que ainda não haviam nascido e as esposas deles, porque nessa ocasião Noé ainda não tinha filhos, embora já estivesse com 480 anos de idade (ver com. de Gn 5:32). Nenhum dos ancestrais de Noé havia esperado tanto tempo por uma descendência, e talvez ele já tivesse abandonado a esperança de ser abençoado com filhos. Em muitas ocasiões Deus preparou Seus agentes escolhidos para os tempos de crise, guiando-os através de longos períodos de desapontamento, para que aprendessem a ter paciência e a confiar nEle. Essa mesma experiência sobreveio aos pais de Isaque, Samuel e João Batista. A ordem para construir a arca, portanto, incluía a certeza indireta de que, ao preservar a vida, a linhagem de Noé não seria ex tinta. O nascimento de seus filhos seria então, para o patriarca, um sinal de que o dilúvio prometido era igualmente certo. Ele prosseguiu em fé, crendo em "acontecimentos que ainda não se viam" (Hb 11:7)". (p. 242) 

v. 21

"Noé tinha de ser não apenas um construtor de navios e um pregador, mas também um bom agricultor e controlador de estoque". (p. 243)

"Ele não mostrou qualquer hesitação em obedecer a Deus. Seu relacionamento com parentes que haviam se tornado como os amaldiçoados cainitas em nada o influenciou. A educação obtida de pais e avós piedosos o havia preparado para exercer irrestrita fé em Deus e obediência sem reservas a Suas instruções". (p. 243)

"Este curto verso abrange 120 anos de serviço fiel. Alguns dos que creram na mensagem de Noé, como seu avô Metusalém, morreram antes que o terrível evento ocorresse. Ele viveu a mensagem que pregava, e aqueles que melhor o conheceram, seus próprios familiares, não puderam evitar sua santa influência. Seus filhos não apenas creram no que ele pregava, mas participaram ativamente dos preparativos para o evento predito antes que nascessem". (p. 243) 

"A experiência de Noé apresenta um nobre exemplo para os cristãos que sabem estar vivendo no tempo do fim e que estão se preparando para a trasladação. Seu maior trabalho para Deus deve ser feito no lar". (p. 243)

Ellen White no Comentário Bíblico 

v.3

"Toda batida de martelo na arca era uma mensagem de advertência". (p. 1198)

"Noé proclamou a mensagem de advertência ao mundo antediluviano; mas bem poucos se arrependeram. Alguns dos carpinteiros que ele empregou na construção da arca creram na mensagem, contudo, morreram antes do dilúvio; outros conversos de Noé apostataram (FEC, 504)". (p. 1198)

"A associação com descrentes causou perda. Os que creram quando Noé começou a construir a arca perderam sua fé, pela associação com os descrentes que lhes despertaram todas as antigas paixões por diversão e exibição (RH, 15/09/1904)". (p. 1198)

v.4

"Grandes obras de arte e invenções pereceram. Pereceram no dilúvio maiores invenções no campo da arte e da habilidade humana do que o mundo conhece hoje. As obras de arte destruídas eram mais numerosas do que as que são motivo de orgulho atualmente (VF [MM 71], 34). Como obtiveram os homens conhecimento para inventar coisas? Do Senhor, ao estudar a estrutura e os hábitos de diferentes animais. Cada animal é uma fonte de lições. Pelo uso que os animais fazem de seu corpo e das armas que lhes são fornecidas, os homens aprenderam a fazer aparatos para todo tipo de uso. Se tão somente as pessoas pudessem saber quantas obras de arte se perderam do nosso mundo, não falariam tão mal da Idade Escura. Se pudessem ter visto como Deus outrora atuava por meio de Seus súditos humanos, falariam com menos desprezo sobre as criações artísticas do período antediluviano. Perderam-se mais coisas no dilúvio, em muitas áreas, do que o que hoje constitui a totalidade do conhecimento humano. Olhando para o mundo, Deus viu que o intelecto que dera ao ser humano fora pervertido e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração. Deus havia dado conhecimento a essas pessoas. Havia-lhes dado ideias valiosas para executar Seus planos. O Senhor, porém, viu que os que Ele designara para ter sabedoria, tato e bom senso estavam usando todas as faculdades da mente para glorificar o próprio eu. Mediante as águas do dilúvio, Ele varreu da Terra essa raça longeva, e com ela pereceu o conhecimento que haviam usado apenas para o mal. Quando a Terra foi repovoada, o Senhor confiou Sua sabedoria aos seres humanos de maneira mais restrita, dando-lhes apenas a capacidade de que precisariam para executar Seu grande plano (Carta 24, 1899)". (p. 1198)

"Ilusões de progresso. Há hoje muitas invenções, melhoramentos e máquinas para poupar trabalho, que os antigos não possuíam. Eles não precisavam dessas coisas. [ ... ] Quanto maior a extensão de tempo que a terra tem ficado sob a maldição, mais difícil tem sido para o ser humano o cultivá-la e torná-la produtiva. À medida que o solo tem se tornado mais improdutivo e tem sido necessário duplicar o trabalho para cultivá-lo, Deus tem suscitado pessoas com capacidade inventiva para construir implementas a fim de aliviar o trabalho para com a terra, que está gemendo sob a maldição. No entanto, Deus não tem estado em todas as invenções humanas. Satanás tem, em grande medida, controlado a mente das pessoas e tem impelido- as a novas invenções que as levam a se esquecer de Deus". (p. 1199)

"As pessoas da Antiguidade tinham quase mil anos para adquirir conhecimento. Chegavam ao palco da ação entre a idade de 60 e 100 anos, mais ou menos na época em que os que vivem mais tempo hoje já desempenharam sua parte durante sua curta vida e já abandonaram o palco. Os que se enganam e se lisonjeiam com a ilusão de que o presente é uma época de real progresso, de que a raça humana ao longo dos séculos tem progredido no verdadeiro conhecimento, estão sob a influência do pai do engano, cuja obra sempre foi mudar a verdade de Deus em mentira (SG4, 154-156)". (p. 1199)

"Gigantes antes do dilúvio. Na primeira ressurreição, todos sairão com imortal frescor, mas na segunda, os indícios da maldição serão visíveis em todos . Todos sairão como desceram à sepultura. Os que viveram antes do dilúvio, sairão com sua estatura gigantesca, mais de duas vezes a dos homens que hoje vivem sobre a Terra, e bem proporcionais. As gerações subsequentes ao dilúvio foram tendo menor estatura (SG3, 84)".(p. 1199, 1200)

v.5

"O pecado dos antediluvianos estava em perverter o que em si mesmo era lícito. (Ms 24, 1891)". (p. 1200)

v.11

"A terra estava cheia de violência. Guerras, crimes, assassinatos eram a ordem do dia. O mesmo acontecerá antes da segunda vinda de Cristo (Ms 24, 1891)". (p. 1200)

v.17

"Carvão e petróleo como agentes na destruição final (2Pe 3:10; Ap 14:10). Aquelas árvores majestosas que Deus havia feito crescer na terra para benefício dos habitantes do mundo antigo, e que eles haviam usado para transformar em ídolos e para corromper-se, Deus reservou na Terra, sob a forma de carvão e petróleo, para usá-los como agentes na destruição final. Da mesma forma que Ele usou as águas do interior da terra no tempo do dilúvio como armas de Seu arsenal para realizar a destruição da ..,.§ raça antediluviana, assim, no final dos mil o anos, Ele usa rá o fogo do interior da terra como as armas que Ele reservou para a destruição final, não só das sucessivas gerações subsequentes ao dilúvio, mas da raça antediluviana que pereceu" (SG3, 87). (p. 1200)