Eis uma das cenas mais conhecidas da narrativa bíblica. O fogo que não consome (v. 2), e a revelação do nome de Deus como não havia sido feito pelo mesmo até então (v. 14)
De acordo com Estevão em Atos 7.30, foram necessários 40 anos até que finalmente Deus cumprisse seus propósitos por meio de Moisés. (v. 1)
Nesta ocasião encontramos uma viva ilustração do processo de comunhão, entre Deus e o homem. Moisés viu a luz e o calor sem efeitos destrutivos. E do mesmo modo que se deu com a Sarça se da com cada filho de Deus. (v. 2) Consideremos por um instante a grandiosidade da narrativa, é Deus deixando as cortes celestiais, para estar com um homem. Não é sonho nem visão, Moisés desfruta de uma comunhão real.
Por que uma sarça? "Em contraste com as árvores mais nobres e altas (Jz 9: 15), a sarça espinhosa pode ser comparada ao povo de Israel em sua humilhação, desprezado pelo mundo. O fogo que queimava mas não consumia o arbusto pode ser tomado como representante da aflição refinadora da escravidão. No entanto, a sarça não era consumida; da mesma forma que, na
chama castigadora, o Senhor não entrega Seu povo à morte (Sl118:18)". (CBASD, v. 1, p. 541)
Moisés ao estar na presença de Deus precisou retirar as sandálias e nós? do que temos que nos despir? (v. 5) "A prática de tirar os sapatos antes de entrar num templo, palácio ou mesmo em casas particulares sempre foi costume universal no Oriente Médio. Uma vez que sapatos ou sandálias carregam poeira e outras impurezas, a mente oriental considera um sacrilégio entrar calçado num lugar limpo ou sagrado. A mesma ordem dada a Moisés foi repetida a Josué mais tarde (Js 5:15)". (CBASD, v. 1, p. 541)
Sobre a santidade da terra, temos que estar ciente que ela resulta da presença de Deus, e não por qualquer outra razão oriunda da mesma. (v. 5)
"O Deus de teu pai. A transição de "Anjo do SENHOR" (v. 2) para "SENHOR" (v. 4), e então para "Deus" (v. 4, 6) exclui a ideia de que Yahweh era simplesmente um Deus nacional, como alega a Alta Crítica. Isso mostra que as três expressões são mais ou menos sinônimas. Após tornar Sua presença conhecida a Moisés, Deus Se apresentou como o Deus de seus antepassados, Abraão, I saque e Jacó. Desse modo, Ele o fez recordar as promessas feitas aos patriarcas, as quais estavam prestes a se cumprir para sua descendência, os filhos de Israel. Na expressão "teu pai", os três patriarcas estão classificados como um todo, por causa das relações pessoais que cada um teve com Deus e das promessas que cada um recebeu dEle". (CBASD, v. 1, p. 541)
Assim como Moisés, Elias (1 Rs 19.13), Isaías e os próprios anjos cobrem o rosto (Is 6.2) em todos os casos, temeram a Deus em virtude de sua santidade. (v. 6)
Em uma performasse paternal é como Deus se revela neste capítulo, como aquele que vê, ouvi, e atende. (v. 7)
Uma característica que se repete em cada grande servo de Deus, diz respeito a uma clara concepção de quem são e quais suas limitações. (v. 11) Entretanto este estado atual é um verdadeiro antagonismo a postura de Moisés em dias como príncipe: "Quem sou eu? Uma grande mudança aconteceu em Moisés. Quarenta anos antes ele se ofereceu de forma voluntária para ser o libertador. Foi para junto de seus irmãos e matou um de seus opressores, esperando que fossem entender "que Deus os queria salvar por intermédio dele" (At 7:25). Porém, nessa época, ele não estava qualificado para a posição de liderança a que aspirava, nem os filhos de Israel estavam preparados para a libertação. Os 40 anos em Midiã lhe ensinaram humildade e lhe imprimiram completa desconfiança de si mesmo. O príncipe adotado da casa real do Egito tinha se tornado um pastor, tarefa desprezada pelos egípcios (Gn 46:34), e se sentia tão inseguro de si, que temeu o faraó. Que influência um desprezado pastor do deserto oriental poderia ter sobre o rei da nação mais poderosa da Terra? Além disso, que influência Moisés teria sobre seu próprio povo? Eles o tinham rejeitado quando era um homem poderoso; aceitariam sua liderança como um fugitivo que retornava? Pensamentos como esses podem ter passado pela cabeça de Moisés quando recebeu o chamado para voltar ao Egito e libertar seu povo. Sua relutância em aceitar a tarefa e a desconfiança em si mesmo e em seu povo são compreensíveis". (CBASD, v. 1, p. 542)
E a promessa de Deus diante da postura dos mesmos reverberá a nós seus servos nos dias atuais. (v. 12) Essa resposta divina diante da primeira objeção de Moisés, é ao mesmo tempo a resposta de Deus a fraqueza humana. (SHEDD, v. 12)
A promessa feita por Deus fora acompanhada de um sinal, que lhe requereu fé para vislumbra-lo, que seria o povo adorando ali junto com ele o Grande Eu Sou. (v. 12)
Ao perguntar sobre o nome de Deus (v.13), Moisés revela uma realidade sempre presente na mente semita, o nome revela a natureza do seu portador, e por isso "Moisés [quer] revelar ao seu povo a verdadeira natureza do Deus deles, que estava pronto a libertá-los da escravidão". (CBASD, v. 1, p. 542) E nós também deveríamos nos preocupar sobre que tipo de natureza estamos dando aos nomes que possuímos
No v. 14 Ele tem então a resposta: "Eu Sou O Que Sou. Deus revelou a Moisés o nome pelo qual Ele se fez conhecido a Abraão ao fazer com este a aliança (Gn 15:7). No hebraico, como no português, esse nome é uma forma do verbo "ser" e implica que quem o possui é eterno e existe por si mesmo (ver ]o 8:58; DTN, 469). Sua universalidade excluía qualquer comparação do Deus dos israelitas com as deidades do Egito e de outras nações. Tinha o propósito de dar a Moisés e ao povo consolo na aflição e confiança na realização de Seu propósito de libertá-los". (CBASD, v. 1, p. 542-543)
Um detalhe que devemos atentar é que ao informar Moisés, sobre o modo como o Faraó agiria, diz respeito a onisciência divina e não a uma concepção determinista, proveniente de uma compreensão de predestinação. (v. 19)
Sobre a saída com Joias no verso 22: "Os israelitas tinham o direito de receber o que, na realidade, seria apenas uma pequena recompensa pelos longos anos de trabalho. Eles pediram sem intenção de devolver, e os egípcios deram sem esperar receber de volta, porque Deus fez com que os egípcios fossem benignos para com eles (v. 21). Os egípcios tinham despojado os hebreus, e agora os hebreus levaram os despojos do Egito como compensação parcial (PP, 281)". (CBASD, v. 1, p. 542)
E por fim "Deus passou pela orgulhosa terra do Egito assim como irá passar pela Terra nos últimos dias (RH, 10/07/1900)". (CBASD, v. 1, p. 1211)
Reynan Matos
Teólogo
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia
V. 1
"Horebe e Sinai são dois nomes para a mesma montanha (ver Êx 19:11; Dt 4:10)". (CBASD, v. 1, p. 540)
V. 2
"O Anjo do SENHOR. O contexto (v. 4-6, 14) deixa claro que esse ''Anjo do SENHOR" era o próprio Senhor, a segunda pessoa da divindade (ver PP, 252, 3II, 366). Já nos tempos de
Abraão, o Senhor havia Se revelado com essa forma e com esse nome (ver Gn 22:ll)". (CBASD, v. 1, p. 540)
"De um ponto de vista moderno, a antiga Canaã parece um país pequeno, não muito maior que o estado de Sergipe e um pouco menor que a Bélgica, na Europa". (CBASD, v. 1, p. 541)
V. 8
"Trata-se de um provérbio para terra de fartura, e não deve ser entendida em sentido literal. [...] Leite e mel são os produtos mais simples e seletos de uma terra que tem pastos e flores em abundância". (CBASD, v. 1, p. 542)