Esse capítulo se tornou famoso graças a uma expressão idiomática presente no v. 3 onde Deus diz que endurecerá o coração de Faraó.
Quem ler a expressão literalmente, torna Deus ilógico, ou tirano. Por que:
1. Com que finalidade ele pediria a Moisés para ir até o Faraó e libertar o seu povo, se Ele mesmo deliberadamente endureceria o coração desse Faraó para não deixar. Não há razão em se fazer algo assim.
A menos que:
2. Deus fosse um tirano tal como a hipótese apresentada pelo seu inimigo. Então com o intuito de ver Hebreus e Egípcios sofrerem Ele endureceria o coração daquele que poderia por um fim as pragas, bem como a escravidão judaica.
A quem dica ainda que Deus endureceu o coração para poder manifestar a suas maravilhas. Como se o Deus que pode todas as coisas fosse restringido pela necessidade de um coração endurecido para poder realizar as suas maravilhas.
Dada as descabidas possibilidades, consideremos a declaração: "Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó" (v. 3) Como uma expressão de consentimento. Para a mentalidade semítica, aquele que tem poder para impedir uma ação e não impede ele é em certa medida responsável pela realização dela.
Toda via temos que destacar, uma vez que Faraó seria obstinado em não deixar o povo ir (cf. v. 13,14) por conta disso as pessoas tomariam conhecimento do que Deus pode fazer por amor aqueles que se achegam a ele (v. 5)
Com tudo ao invés de dedicarmos mais tempo a essa temática, deveríamos considerar ao aspecto mais importante do capítulo, que diz respeito ao fundamento do ministério de Moisés, a fonte de onde emanou sua coragem, A Palavra do Senhor.
"Tu falarás tudo que eu te ordenar" (v. 2). Este é o dever de cada servo de Deus (SHEDD, v. 1):
1. Ninguém deve guardar silêncio na espera de oportunidades maiores ( 2 Tm 4.2).
2.Temos de declarar todo o conselho de Deus (At 20.27),
3. Nada retendo, nem mesmo as coisas que podem ofender, para não sermos profetas de coisas aprazíveis e de ilusões (Is 30.10).
4. Não devemos pregar nossas próprias opiniões e teorias, mas seguir o exemplo do próprio Jesus Cristo que só anunciava a mensagem prescrita por seu Pai (Jo 12.49)
5. Isto quer dizer que nos devemos cingir fielmente da verdade bíblica (Ef 6.14)
"Sairá às águas" (v. 15) "Aqui se trata não de uma passeio , mas de uma cerimônia, anual, para o Faraó abençoar a enchente do Nilo, que, ano após ano, trazia fertilidade e prosperidade para a nação. A intervenção divina naquela hora era tão dramática, como a pregação de Jesus, que a fé nEle era o que produzia no íntimo do homem, fontes de água viva (Jo 7.37-39, compare Jo 4.10-14)" (SHEDD, v. 15)
Com isso Deus mostra que "vai até as últimas consequências, ao se revelar aos homens, para que alguns se convertam e vivam eternamente. Logo mostra podridão das coisas que mais estimamos, como no caso do idolatrado rio Nilo. Nenhum sentimentalismo, falso pode fazer deus reter sua mão, mas no decurso de sua intervenção na vida humana há frequentes possibilidades de arrependimento". (SHEDD, v. 15)
"Nota-se como cada uma das dez pragas era anunciada de antemão, posta em ação pela rebelião do homem, e retirada ao primeiro sinal de conversão do mesmo" (SHEDD, v. 15)
E resultado final de tudo aquilo que é adorado como um deus em nossas vidas, encontrará o mesmo fim que teve o Nilo por parte de seus adoradores. Sentimento de nojo, afinal "nada neste mundo tem valor sem a bênção de Deus" (SHEDD, v. 18)
Curiosidade todas as águas do Egito se transformaram em sangue e não apenas onde se encontrava o Faraó. O verso 19 contrapõem a alta critica que argumenta que foi um efeito ilusionista com alguma especia de pó com coloração vermelha.
"Fizeram também o mesmo' (v.22). Qualquer sinal de religião falsificada é desculpa suficiente para os ímpios recusarem a verdade. Como é que não tinham poder para sanar a praga e só copiá-la aumentando-a? Um bom teste para a qualidade da religião é ver se soluciona problemas ou se cria maiores dificuldades humanas". (SHEDD, v. 22)
"Este capítulo nos ensina sobre:
1. O poder soberano de Deus.
2. O seu direito de exigir a obediência humana.
3. Aqui podemos ver as punições se acumulando, à medida que o ser humano resiste às mensagens de Deus.
4. Lemos das limitações das falsas religiões que tentam imitar a verdade para conquistar os fiéis.
5. E podemos ver a separação que Deus faz entre Seu povo e o mundo que recusa aceitar a sua Palavra.
Reynan Matos
Teólogo