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sábado, 27 de outubro de 2018

Gênesis | Capítulo 15

Neste capítulo Deus se relaciona com Abrão como um profeta.

As revelações de Deus ocorreram de maneiras diversas, quer tenham sido dadas a patriarcas, profetas, evangelistas ou apóstolos:

(l) Pela manifestação pessoal da segunda pessoa da Divindade, que mais tarde Se encarnou para a salvação da humanidade, como em Deuteronômio 34:10.
(2) Por uma voz audível, às vezes acompanhada pela aparição de símbolos, como no batismo de Jesus, em Ma teus 3: 16 e 17.
(3) Pelo ministério de anjos que apareceram como seres humanos e realizaram milagres para dar crédito a sua missão, como ocorreu com a mãe de Sansão, em Juízes 13:3-7. 
(4) Pela poderosa atuação do Espírito de Deus sobre a mente, comunicando uma clara concepção e forte persuasão da veracidade das coisas percebidas, como no caso de Paulo, em Atos 20:23. 
(5) Por sonhos, como na experiência de Jacó, em Gênesis 28:11-15.
(6) por visões ocorridas durante o dia ou à noite, como no caso discutido aqui ou no de Balaão, em Números 24:4 e 16. 

As últimas duas formas foram as mais comuns usadas por Deus para comunicar Sua vontade. (CBASD, p. 309)

Pela primeira vez aparece na Bíblia uma das expressões que será mas apreciada pela humanidade: "Não temas". Em dias de terror ao meio dia, a certeza de que alguém capaz está do nosso lado a nos proteger é extremamente confortador. (v.1)

Junto com a declaração de conforto vem também a segurança da recompensa. (v.1)

Apesar das palavras introdutórias proferidas pelo próprio Deus, Abrão ainda não tinha plena ciência de como essas palavras se cumpririam (v.2). Já que o herdeiro de sua casa, não dizia respeito de alguém que houverá nascido dele. Apesar de Eliezer ser um homem fiel ao patriarca, de piedade, experiência e juízo são, de acordo com (PP, p. 172)

O Senhor então é explicito a lhe dizer que sua descendência será geneticamente originaria dele. E quando isto é posto, temos então a declaração que se tornaria um dos pilares para a compreensão da justificação pela fé. (v.6) "Ele creu e isso lhe foi imputado para justiça". 

"A forma particular do verbo empregada expressa, que essa não foi apenas a experiência histórica de Abraão naquele momento, mas também um traço permanente de seu caráter. Ele continuou crendo". (CBASD, p. 310)

"Neste significativo versículo aparecem, pela primeira vez, as palavras: 'creu', 'imputado' e 'justiça', que fazem parte do contexto de 'fé salvadora'. Em todos os tempos, a salvação fora oferecida aos homens sob a base da fé. Os santos do AT olhavam para Cristo eram salvos mediante Sua morte propiciatória [aplaca a ira de alguém], exatamente como nós olhamos para aquela morte vicária [substitui] em nosso lugar e recebemos os benefícios dela mediante a fé (cf Rm 4.18-24)". Bíblia Shedd  

"Abraão era um pecador e precisava de redenção, como todos os outros seres humanos. Mas, quando a justiça lhe foi imputada, a misericórdia e a graça também lhe foram estendidas, efetuando o perdão de seus pecados e trazendo as recompensas da justiça divina. Aqui pela primeira vez é apresentada a plena importância da fé". (CBASD, p. 310)

No verso 7 "pela terceira vez Deus assegura a Abraão que ele possuirá toda a terra de Canaã (ver Gn
12:7; 13:14, 15). Mas a condição dele não havia mudado em nada desde que entrara em Canaã. De tempos em tempos Deus repetia a promessa, e Abraão a aceitava sem jamais divisar qualquer sinal visível de seu cumprimento. Ainda estava errante, sem filhos e sem lar como quando chegara da Mesopotâmia. Era natural que surgissem perguntas em sua mente". (CBASD, p. 310) 

Do mesmo modo é natural os questionamentos dos cristãos nos dias atuais. 

Apesar de crer ele ainda se encontrava preocupado de como se desenvolveria o cumprimento de todas as promessas que recebera. (v. 8) "Como saberei? Esta solicitação de um sinal pode ser comparada aos pedidos de Gideão (Jz 6:17, 36-40) e de Ezequias (2Rs 20:8). A pergunta de Abraão não era um sintoma de descrença ou dúvida, mas a expressão de um sincero desejo de ver as promessas de Deus cumpridas. Posteriormente, Zacarias, de maneira incrédula, pediu um sinal (Lc 1:18, 20). Maria fez uma pergunta semelhante ao anjo, mas com fé, ansiando humildemente mais certeza (Lc 1:34, 35). Deus, que vê o coração e responde de acordo com o que vê, reconheceu o direito do fiel Abraão de buscar plena certeza para a fé". (CBASD, p. 310)

Temos então uma cena baste incomum ao longo de toda a narrativa bíblica. (v.9-11) Que Deus usa afim de responder a Abrão. três observações sobre essa cena: (CBASD, p. 311)

1. Deus condescendeu em entrar numa solene aliança com Abraão de acordo com a prática das pessoas na Antiguidade.
2. A exigência de os quadrúpedes serem "de três anos" especifica animais maduros.
3. A vida dos animais era a garantia da vida dos que participavam da aliança.

E na sequência é proferida um panorama ao que se submeterá esta posteridade abraâmica. (v.13) Com ênfase ao cativeiro egípcio, as pragas e sua libertação, acrescido de mais uma promessa,  que é bem vinda a todo e qualquer ser humano, no que diz a possibilidade de uma velhice sadia (v.15). Finalizando com a promessa da retomada de Canaã.

"O cumprimento dessa profecia pode ser verificado em praticamente todas as gerações por quatro séculos. O fi lho de Abraão, !saque, foi perseguido por Ismael (Gl 4:29; cf. Gn 21:9). Para salvar sua vida, Jacó fugiu de Esaú (Gn 27:41-43) e, mais tarde, de Labão (Gn 31:2, 21, 29). José foi vendido por seus próprios irmãos como escravo e, em seguida, injustamente lançado na prisão (3 7:28; 39:20). Por fim , os filhos de Israel foram duramente afligidos pelos egípcios após a morte de José (Êx 1:8, 12)". (CBASD, p. 312)

Na parte boa temos Israel saindo com grandes riquezas do Egito conforme Êxo. 12.36

No verso 16 temos que atentar para um detalhe: "Há um grau de iniquidade fixado, que as nações não podem ultrapassar sem incorrer nos juízos de Deus". (CBASD, p. 313)

Já no verso 17, a aparição do fogo, servirá como símbolo da presença divina, que como o fogo, tanto pode purificar como consumir. (Dn 3;At 2; Gên 19; Apo 20)

Os limites da terra estabelecido no verso 18, se concretizam nos dias do reinado de Davi e Salomão (1Rs 4.21; 2 Cr 9.26)  

E então, pela segunda vez vemos explicitamente Deus fazer uma aliança com o homem, primeiro com Noé (Gên 9.9), e agora com Abrão (v. 18).

Reynan Matos
Teólogo
Ellen G. White

"A luz sempre foge das palavras que honram os poderes das trevas". [v.9-11] (ME2, p. 243)