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domingo, 14 de outubro de 2018

Gênesis | Capítulo 3

Poderíamos intitular Gênesis três de "a gêneses terrena do Pai da mentira".  

Gênesis 3, já inicia com uma seção mediúnica, através de uma serpente.

E o diálogo consiste na possibilidade de distorcer as Palavras de Deus, conforme realizado pela serpente, ou pela adição, conforme feito pela mulher em Gênesis 3.

Mais cegos do que quando enxergavam? (v. 4)

Uma ação contra quatro mandamentos, ao comer da árvore Eva:

  1. Cobiçou - 10º Mandamento
  2. Roubou - 8º Mandamento
  3. Matou - 6º Mandamento 
  4. Adorou outro deus - 1º Mandamento
A origem da inutilidade das obras humanas afim de cobrir os resultados do pecado. (v.7)

Temos então a primeira e grande pergunta da Bíblia, "Onde estás?". (v.9)

Apesar de não terem morrido de pronto, não demorou nada para terem uma certa obstrução na intimidade com Deus. 

Poderíamos relacionar uma sucessão de acontecimentos em decorrência da desobediência:

  1. Ficaram desprovidos das vestes divinas.
  2. Se envergonharam do que agora contemplavam.
  3. Tiveram medo.
  4. Se esconderão de quem não se pode esconder.
  5. Começaram a se eximir do resultado de suas escolhas.
Temos então o que é conhecido como "Proto Evangelho" em Gên 3.15. Se pelo engano de Satanás Eva introduziu o pecado no mundo. Pela Graça de Deus a mulher seria o instrumento para introduzir a Salvação no mundo.

Ordem dos castigos:
  1. A serpente passou a rastejar
  2. A mulher sofreria com dores de parto, e sua vontade seria subordinada ao marido.
  3. A terra foi amaldiçoada por causa do homem, e o mesmo só comeria mediante labores.
Se em Gên 3.15 temos o embrião do Evangelho, no verso 21 encontramos a primeira materialização da Graça,  na morte do cordeiro que apontava para Cristo, assim como as vestes oriundas da pela do cordeiro que também aludiam as vestes de Cristo. 

"Do princípio ao fim, o evangelho da salvação é o tema central da Bíblia". (CBA, v. 1, p. 218)

Vemos então uma preocupação trinitária acerca do conhecimento obtido pelo casal que era completamente dispensável. 

Os Querubins então são postos, com o intuito de permitir a perpetuidade do pecado.

COMENTÁRIO Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Gênesis a Deuteronômio. Francis D. Nichol; Vanderlei Dorneles da Silva. 1. ed. Tatuí, SP: CPB - Casa Publicadora Brasileira, 2012. v. 1 .

"Moisés passa da descrição das condições perfeitas do paraíso para a história da queda". (p. 212) Ele vai de um estado de perfeição, amor e felicidade, ao extremo da imperfeição, ódio, e tristeza.

Algo a ser devidamente considerado é que: "Deus não permitiria serem tentados acima de sua capacidade (I Co 10.13), não deixou que Satanás se aproximasse deles numa forma semelhante à dEle, nem em qualquer outro lugar a não ser nessa árvore. Satanás, por tanto, surgiu na forma de uma criatura, não só inferior a Deus, mas bem inferior ao próprio homem. De modo que Adão e Eva, ao permitirem que Satanás os persuadisse a transgredir o mandamento de Deus, por meio de um mero animal". (p. 213)

"Sempre é mais fácil persuadir uma pessoa a fazer algo errado quando ela está longe de uma ambiente protetor". (p. 213)

"Satanás planejou que suas palavras fossem indefinidas e ambíguas". (p. 213)

"A dúvida e a hesitação expressas na linguagem de Eva, que reflete a da serpente, fazem com que o motivo para a obediência seja predominantemente o medo da morte, em vez de uma amor natural pelo bondoso Criador". (p. 214)

Três problemas identificamos na fala de Eva:

  1. Ela acrescenta uma restrição que Deus não havia feito: a de tocar no fruto.
  2. Ela coloca em dúvida a possibilidade da morte, em contraste com a exatidão da sentença divina "certamente morrerás".
  3. Ela fala da árvore em termos gerais, cause categorizando como as demais árvores.
"Satanás desafiou a veracidade da palavra de Deus com uma mentira escancarada, razão pela qual Cristo estava certo ao chamá-lo de o 'pai da mentira' (Jo 8.44)". (p. 214)

"Acredite, não foi por medo de vocês morrerem ao comer do fruto que a árvore foi proibida, mas por medo de vocês se tornarem rivais de seu próprio Senhor" (p. 214)

"As exigências de Deus foram colocadas sob a luz mais hedionda e repreensível". (p. 214)

"A promessa 'se vos abrirão os olhos' sugeria uma então presente limitação de visão que podia ser removida seguindo-se o conselho da serpente". (p. 214)

A expressão "como Deus" do verso 5 revela a natureza blasfema da obra de Satanás.

"Depois de terem sido despertadas na mulher a dúvida e a incredulidade com respeito à palavra de Deus, a árvore lhe pareceu muito diferente. Três vezes é feita a menção de quão atrativa ela era:

  1. Agradável ao paladar
  2. Agradável ao olhos
  3. Ao anseio por mais sabedoria
O olhar para árvore dessa forma, com o desejo de participar de seu fruto, foi uma concessão ao estímulo de Satanás. Em sua mente ela já era culpada de transgredir o mandamento divino: 'não cobiçarás' (Êxo. 20.17). O ato de tomar o fruto e comer dele foi apenas o resultado natural de haver se colocado no caminho da transgressão". (p. 214)

"Havendo cobiçado aquilo a que não tinha direito, a mulher prosseguiu, transgredindo um mandamento após outro. A seguir ela roubou o que era propriedade de Deus, violando o oitavo mandamento (Êxo. 20.15). Comendo do fruto proibido e dando-o ao marido, transgrediu também o sexto mandamento (Êxo. 20.13). Então, quebrou o primeiro mandamento (Êxo 20.3) porque colocou Satanás acima de Deus em sua consideração e obedeceu a ele em vez de ao Criador". (p. 214-215)

"Esta é a primeira vez que o relato sagrado chama Adão de seu 'marido'. Mas, em vez de ser para ele uma 'auxiliadora [...] idônea', ela se tornou o instrumento de sua destruição". (p. 215)

"Adão não foi iludido, mas a mulher' (I Tm 2.14), [...] Em vez de esperar até que tivesse a oportunidade de discutir o trágico assunto com Deus, Adão decidiu tomar o destino em suas próprias mãos. [...] Não foi a escolha de Eva, mas a deliberada escolha de Adão, na plena compreensão de uma ordem expressa de Deus, que tornou o pecado e a morte a sorte inevitável da humanidade". (p. 215)

"O fato de que esse sentimento de vergonha não tinha raiz na sensualidade, mas na consciência de culpa diante de Deus se evidencia pelo ato de se esconderem dEle". (p. 215)

"A única inscrição antiga que mostra alguma semelhança com a história da queda do homem, da forma como é contada na Bíblia, é um poema bilíngue em sumério e acádio que diz: 'A donzela comeu do que era proibido, a donzela, a mãe do pecado, praticou o mal, a mãe do pecado teve uma experiência dolorosa". (p. 215-216)

"A razão para o medo não estava na humildade nem na modéstia, mas num profundo senso de culpa". (p. 216)

"A consciência dos efeitos do pecado era mais aguçada que o senso do pecado em si". (p. 216)

"A que ponto o caráter de Adão havia mudado no curto intervalo de tempo desde que enveredara pelo caminho da desobediência". (p. 216)

"Um dos grandes frutos do pecado é que o coração se torna duro, 'sem afeição natural'". (p. 216)

"Adão começou a perceber a extensão de sua perda quando, de governante deste mundo, passou a ser um escravo de Satanás". (p. 218)

"Deus instituiu o ritual de sacrifícios a fim de proporcionar ao homem um auxílio visual para que compreendesse o preço a ser pago para se fazer expiação pelo pecado". (p. 218)

"Deve ser notado, novamente, que Deus não amaldiçoou Adão nem sua esposa. As maldições foram pronunciadas somente sobre a serpente e a terra. Mas Deus disse a Adão: 'Maldita é a terra por tua causa'". (p. 219)

"A justiça divina exigia a vida; a misericórdia divina concedeu uma oportunidade para restaurar essa vida". (p. 220)

"O ritual dos sacrifícios, embora não seja especificamente mencionado aqui, foi instituído nessa ocasião (PP, 68; cf. DTN, 28). A história dos sacrifícios de Caim e Abel relatada no capítulo seguinte mostra que os primeiros filhos de Adão e Eva estavam bem familiarizados com esse ritual. Se Deus não tivesse comunicado regulamentos definidos quanto aos sacrifícios, Sua aprovação à oferta de Abel e desaprovação à de Caim não acusar a Deus de parcialidade evidencia que tanto ele quanto o irmão sabiam o que era requerido. A universalidade dos sacrifícios de animais nos tempos antigos indica uma origem comum dessa prática". (p. 220-221)

"Negar o acesso a essa árvore doadora de vida foi um ato da misericórdia divina que Adão talvez não tenha apreciado plenamente naquele momento, mas pelo qual será grato no mundo por vir. Ali ele participará para sempre da árvore da vida (Ap 22.2,14). Ao participar dos emblemas do sacrifício de Cristo, o crente tem o privilégio de comer, pela fé, do fruto dessa árvore hoje e de vislumbrar confiantemente o memento em que poderá apanhar e comer desse fruto, com todos os remidos, no paraíso de Deus (T8, 288)". (p. 221)

  Reynan Matos
Teólogo